Era domingo. Voltava de de meu plantão no hospital que transcorrera tranquilo.
Ao chegar em meu condomínio, deparei-me com inúmeras crianças brincando no pátio. Algumas andavam de bicicleta, derrapavam, caiam e levavam sua alegria adiante. Mães corujas paparicavam seu bebês, empurrando-os em seu carrinho, cheias de mimo . Papais desocupados, ou melhor, "descansando" naquele dia de domingo, jogavam futebol com os filhotes robustos que vibravam a cada gol alcançado. Imagina fazer gol no papai - goleiro era o máximo para eles. Sentiam-se o próprio Ronaldinho da seleção brasileira. Alguma senhoras conversavam sobre novela; cada uma querendo saber mais do que outra sobre seu ator favorito. Era uma conversa inútil, mas não deixava de ter um sabor prazeroso de amizade de vizinho que se quer bem.
Caminhei mais um pouco e observei um agrupamento de meninas de cinco a sete anos, formando um círculo em volta de uma outra. Era clara, de tez muito alvinha e cabelos castanhos compridos que lhe realçavam a beleza. Havia muitas crianças ao redor dela e muitos brinquedos espalhados pelo chão. Percebia-se que na brincadeira ela era a mãe. Mexia muito nos brinquedos, arrumava-os de um lado para o outro nervosamente como se lhe faltasse rumo. Observei que a menina não se levantava, pois tinha a perna engessada. Pensei comigo mesma. "Esta danada, com ares de rainha, deve aprontar".
Sentei-me em um dos bancos para apreciar melhor a brincadeira antes de chegar ao hall de entrada dos apartamentos. A confusão era muita, pois as crianças não se entendiam lá muito bem no seu futebol e o grupinho que rodeava a menina falava muito alto. Em dado momento, a menina começou a gritar:- Minha mãe está no céu, minha mãe está no céu. Fiquei sem entender nada ; resolvi ir embora e pegar o elevador e, finalmente repousar naquele domingo.
Ao entrar no elevador, vizinhos conversavam e comentavam entre eles:- Que tragédia aconteceu com Vanessa. Tão criança e já perdera a mãe. Foi um acidente horroroso. Salvou-se ela e o pai.
Em um segundo de tempo pude entender por que as crianças rodeavam aquela menina. Estavam, na certa, solidárias à sua dor. E o jeito que acharam de consolá-la foi com suas brincadeiras infantis, dando~lhe naquele istante um título tão precioso e especial de mãe. E a menina na sua inocência introjetara naquele
momento a personalidade de sua mãe. Era a "maneira" encontrada de viver seu luto. Sua mãe, no céu e ela ali vivendo papel tão importante que sua mãe perdera precocemente.
O elevador já chegara ao meu andar . Saí , dirigi-me à porta de entrada, tentando entender os porquês da vida. Foi um domingo muito triste para mim.
Ao chegar em meu condomínio, deparei-me com inúmeras crianças brincando no pátio. Algumas andavam de bicicleta, derrapavam, caiam e levavam sua alegria adiante. Mães corujas paparicavam seu bebês, empurrando-os em seu carrinho, cheias de mimo . Papais desocupados, ou melhor, "descansando" naquele dia de domingo, jogavam futebol com os filhotes robustos que vibravam a cada gol alcançado. Imagina fazer gol no papai - goleiro era o máximo para eles. Sentiam-se o próprio Ronaldinho da seleção brasileira. Alguma senhoras conversavam sobre novela; cada uma querendo saber mais do que outra sobre seu ator favorito. Era uma conversa inútil, mas não deixava de ter um sabor prazeroso de amizade de vizinho que se quer bem.
Caminhei mais um pouco e observei um agrupamento de meninas de cinco a sete anos, formando um círculo em volta de uma outra. Era clara, de tez muito alvinha e cabelos castanhos compridos que lhe realçavam a beleza. Havia muitas crianças ao redor dela e muitos brinquedos espalhados pelo chão. Percebia-se que na brincadeira ela era a mãe. Mexia muito nos brinquedos, arrumava-os de um lado para o outro nervosamente como se lhe faltasse rumo. Observei que a menina não se levantava, pois tinha a perna engessada. Pensei comigo mesma. "Esta danada, com ares de rainha, deve aprontar".
Sentei-me em um dos bancos para apreciar melhor a brincadeira antes de chegar ao hall de entrada dos apartamentos. A confusão era muita, pois as crianças não se entendiam lá muito bem no seu futebol e o grupinho que rodeava a menina falava muito alto. Em dado momento, a menina começou a gritar:- Minha mãe está no céu, minha mãe está no céu. Fiquei sem entender nada ; resolvi ir embora e pegar o elevador e, finalmente repousar naquele domingo.
Ao entrar no elevador, vizinhos conversavam e comentavam entre eles:- Que tragédia aconteceu com Vanessa. Tão criança e já perdera a mãe. Foi um acidente horroroso. Salvou-se ela e o pai.
Em um segundo de tempo pude entender por que as crianças rodeavam aquela menina. Estavam, na certa, solidárias à sua dor. E o jeito que acharam de consolá-la foi com suas brincadeiras infantis, dando~lhe naquele istante um título tão precioso e especial de mãe. E a menina na sua inocência introjetara naquele
momento a personalidade de sua mãe. Era a "maneira" encontrada de viver seu luto. Sua mãe, no céu e ela ali vivendo papel tão importante que sua mãe perdera precocemente.
O elevador já chegara ao meu andar . Saí , dirigi-me à porta de entrada, tentando entender os porquês da vida. Foi um domingo muito triste para mim.