Esses feriadões 
                         me enchem...


       
Os feriadões me enchem e até me deixam entediado. Incrível, né?
        Não estou querendo dar uma de porrêta, como se diz aqui na Bahia. Seria a última coisa a fazer.
        Minha afirmação é verdadeira e sincera, embora possa parecer uma tremenda mentira. 
        Quem já viu essa de não gostar de feriado?
        De súbito, ouvirei gente me xingando. Não em voz alta, mas aos sussurros, dirá: "Que imbecil!"
        Deixo que falem à vontade. Peço, apenas, que preservem o nome de minha falecida genitora, o que não será coisa fácil.
        Se eu tivesse uma casa de praia, modesta que fosse, ou uma chácara na montanha, talvez curtisse mais e melhor os feriados prolongados. 
       Atravessá-los confinado num apartamento e ainda no quinto andar de um edifício sem piscina, é dose...
       Começa que não tolero os avisos que antecedem os feriadões, tais como, isso funciona, aquilo não; os bancos fecham, e as farmácias estarão abertas vinte e quatro horas. 
       Os supermercados permanecerão abertos; e os shoppings abrirão de tantas horas às tantas horas, com suas praças de alimentação. E por aí vai. 
        Neste Primeiro de Maio me deu vontade de ir a um restaurante. 
        Imediatamente me veio à lembrança aquela recomendação - desrespeitadíssima - de que "se beber não dirija". 
        Como não tenho motorista particular, fiquei em casa, e o que é pior,  obrigado a comer a gororoba de sempre.
         Cansara do computador! 
          Tanto que escrevi esta crônica caindo pelas tabelas.
          Num determinado momento, cochilei sobre o teclado, quase deletando o que há pouco houvera escrito. 
          O jeito foi tomar um banho frio, apesar da fria noite de Salvador, depois de outras com 30 graus Célsius.
          De manhã lera uma crônica do Carlos Heitor Cony onde ele conta que aproveitou uns feriados "para curtir algumas releituras que há muito vinha adiando".
           E diz o Cony: "Tranquei-me no escritório, desliguei o computador, telefone e campainha, e reli, ao todo, de uma só tirada, quatro livros que há muito me prometera reler todos os anos." 
           Achei a ideia ótima.
           Saquei imediatamente da minha estante os quatro diários de Josué Montello - Diário da Manhã, Diário da Tarde, Diário do Entardecer e Diário da Noite Iuluminada - e na releitura desses excelentes livros, tirei de letra o restante do feriadão.

Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 02/05/2009
Reeditado em 07/05/2009
Código do texto: T1570956