Paixão Devastadora
Nesta semana acabei de ler "Os sofrimentos do Jovem Werther", de Johann Wolfgang Goethe, e só posso dizer que me encantei.
Que poesia em prosa, meu Deus. Não havia lido nada, ainda, deste conhecido e comentado autor. Apenas sabia de sua história, de sua biografia, assim, por alto. Um pecado mortal. Uma enorme falha que sou obrigada a confessar. Perdi muito por não tê-lo lido antes, mas, nunca é tarde. Ainda bem!
Segundo os editores, a literatura alemã divide-se em antes e depois deste romance que, além de alcançar enorme sucesso, deu início à prosa moderna na Alemanha. É uma história em cartas, mas vai muito além. É a narrativa de um amor intenso, completo. Uma paixão totalmente arrasadora, que invade a vida do personagem, levando junto o leitor, que viaja, se entrega, sofre, se alegra, ri e chora com ele.
Existem informações que dão conta de inúmeros suicídios atribuídos aos “Sofrimentos...”
Ele é profundo! Repleto de contrastes: Suave, doce, forte, de sabor amargo. Enfim, uma história com ingredientes os mais diversos que, conforme vai sendo degustada, desperta alegrias, tristezas, risos, lágrimas, revolta e piedade.
Werther e Goethe são, na verdade, bastante semelhantes. Reside aí, uma boa dose de autobiografia do autor, na figura do personagem. Goethe, apaixonou-se, na vida real, por Carlota, que vem a ser a dona do enorme sentimento nutrido pelo jovem Werther, na história.
O amor à natureza, é um dos grandes pontos que se destacam neste romance. Através dele, o personagem busca alcançar a plenitude, por meio das experiências mais profundas de sua alma em contato com este mundo.
Uma dentre as inúmeras passagens do romance que me encantaram e demonstram o que falo, é "...Dá-se com a distância o mesmo que com o futuro. Um horizonte imenso, misterioso, repousa diante de nossa alma. o sentimento nele mergulha como o nosso olhar e desejamos...entregar todo o nosso ser para nos consubstanciarmos num grande e magnífico sentimento...corremos, voamos e quando lá chegamos, quando o longe se faz perto, nada se alterou, e nós encontramo-nos com nossas mesmas misérias, com os mesmos e estreitos limites, e de novo a nossa alma suspira pelo mesmo bálsamo que acabou de se esvair".
Tenho certeza de que qualquer pessoa que leia este trecho, concordará com a beleza da descrição, bem como com a verdade da constatação de Goethe, vista pelos olhos do seu personagem.
Esta prosa, datada de 1774, não tem idade. Não há como dizê-la ultrapassada, pois nunca o será.
Existem coisas que são imutáveis. As grandes verdades assim o são. "Os sofrimentos do jovem Werther" nos coloca diante destas e de uma história imperdível que, simplesmente, devorei e pretendo reler, reler e reler.