A PEDAGOGIA DO AMOR NO LABIRINTO DE IDEOLOGIAS. (A humanidade é infeliz por ter feito do trabalho um sacrifício e do amor um pecado" - Henrique Jose de Souza)
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Por Claudeci Ferreira de Andrade
A educação atravessa uma situação difícil. Especialmente agora no calor das discussões sobre A escola sem partido. Então penso que a pedagogia do amor é, por assim dizer, a única arma que nos resta. A sobrevivência de alguns princípios educacionais requer AGORA a concentração de todos os nossos recursos vitais. O educador Roberto Carlos Ramos sabia que para vencer os conflitos era necessário algo mais do que armas tangíveis. Toda a metodologia e equipamento didático do mundo seriam inúteis se não houvesse um espírito de respeito e confiança mútua entre aluno e professor. Tendo isto em mente, ele apresentou o seguinte apelo pessoal em uma de suas palestras no Espaço Fama, na Cidade de Senador Canedo, a um grupo de professores municipais; para o qual, TAMBÉM tentou justificar sua teoria: “fui salvo das drogas e da marginalidade por que uma professora me adotou e me tratou com amor”. Nessas palavras a solução para todos os problemas da educação é apontada a partir da relação professor/aluno. Mas, acreditando que não podemos dar aquilo que não temos, creio que o princípio da solução apontada pela a pedagogia do amor está na relação professor/professor, ou melhor, entre colega e colega. E a razão está com Winston Churchill quando se dirigiu a um parceiro com o qual estava em desacordo: “Somos tão poucos, são tantos os inimigos e nossa causa é tão grande, que de maneira alguma podemos debilitar-nos uns aos outros”.
Os professores podem aprender uma lição dessa experiência. Somos tão poucos, e certamente nossos inimigos também são muitos, e a grandeza de nossa causa é sem paralelo. Nossa única segurança está na unidade, a qual requer que confiemos uns nos outros.
A palavra “amor” era muito apreciada pelo o educador Paulo Freire. Não obstante sua franqueza, o trabalho de Freire sempre tendia a edificar a educação, e nunca a prejudicá-la. Ele deixava um rasto de confiança aonde quer que fosse. Apontava os erros do sistema, como faço, mas não se deleitava em fazê-lo (como me sinto agora em redigir este texto). E o melhor, ele elogiou alguns mestres por se animarem e se edificarem reciprocamente.
É nosso privilégio e dever zelar de nossos interesses mútuos. Proteger a reputação de alguém não requer grande esforço. Quando adquirimos este hábito, a vida torna-se excitante. Sentimo-nos bem, depois que mencionamos algo louvável a respeito de outro professor. Não custa nada defender um colega de profissão, mas o preço de difamar um profissional é muito alto. Porém devemos desejá-lo pagar condenando o mau profissional, somente mercenário. Qual não seria o resultado se aplicássemos a pedagogia do amor a partir dessa relação colega/colega antes de tentar aplicá-la aos alunos que nos assistem vivendo mergulhados no pior dos paradoxos?
Lembremo-nos sempre de que a mais poderosa demonstração que uma pessoa pode dar de que é um bom profissional e ético, é a manifestação de amor para com os seus colegas de trabalho, que são como parentes com quem convivemos a parte mais importante de nossa vida. Esta é a contribuição mais e maravilhosa que podemos dar em favor da educação, e viabilizará sem hipocrisia a grande pedagogia do amor tão disseminada hoje, mas ainda presa em um labirinto de ideologias.