Ver o que não existe, ou NÃO ver o que ali havia?
Sem certeza do que escrever, sigo escrevendo, até e-mails escrevo para ela, sem saber o que dizer. Não sei se a surpreendi, pois ela jurava saber o que eu poderia ter visto, ou NÃO visto na página de “scraps” no Orkut... pior que não tenho certeza se o que não vi lá realmente esteve realmente lá... um recado, que eu posso ou não ter enviado! É só isso! Ela pensava que sabia o que era que eu NÃO tinha visto... então será que ela sabia se eu havia mesmo mandado tal recado, será que sabia que eu tinha mandado e que ela “inadvertidamente” apagou? Sim, causa dúvidas, mas se não tenho certeza que enviei tal recado, como vou ter certeza de que ela tenha o apagado, por qualquer motivo que não me pareça válido?
Tenho estado, realmente, num estado de perturbação bastante grave. Não vejo nenhuma solução, vejo que minha situação continua não muito diferente daquela pela qual passava no norte, com a diferença que agora estou bem mais infeliz e desconfortável, pois estou trabalhando onde não quero, morando de volta com minha mãe e numa cidade onde não gosto de morar, mesmo tendo nascido lá – e isso não sendo necessariamente um desmérito. Além de todos os fatores, vejo um barco afundando mais a cada dia sob meus pés, vejo-me de mãos atadas para tomar qualquer providência, para tapar os buracos no assoalho do barco, ou mudar de rumo, para evitar a tempestade e as ondas que ameaçam virar a embarcação a qualquer momento, e então olho para o lado e vejo que quem deveria ser nossa capitã, no caso minha mãe, se sente tão ou mais perdida que eu.
Te digo, tchê, trabalhar com parente é soda... minha mãe não se impôs como capitão da embarcação, apenas aceitou que meu irmão quisesse bancar o cabo que comanda de fato e ela ficou apenas de pagadora de contas, muitas das quais feitas de forma irresponsável pelo “técnico responsável”, esse malino que não investe nada do próprio bolso no empreendimento, e que pode ser considerado o maior responsável pela situação que tira o sono de minha pobre e velha mãezinha – pelo menos é como ela se julga, e dessa forma acabo eu também me preocupando, me desnorteando, me desencontrando... já tinha encontrado meu caminho, e agora estou novamente sem caminho e, contagiado pelas preocupações de minha velhinha doente, sinto-me, várias vezes, sem saída.
Quando é preciso ter frieza e pensamento compenetrado em objetivos, se não para salvar a embarcação, pelo menos para salvar o máximo possível de tripulantes e passageiros, é muito complicado quando parentes e família estão envolvidos. Não vou aqui elencar os conceitos que faço do que é família e do que é apenas parentesco, esse meu irmão é parente, nem mais, nem menos, e família, no momento, posso dizer que a minha, comigo, é composta de quatro quartos, e que estou com apenas um quarto dela presente, na forma de minha mãe. Os outros dois quartos estão bem longe, e estou bem saudoso desses dois quartos... talvez, de alguma forma, esteja me sentindo perdido dessa forma, em parte pelo medo com que minha mãe me contagiou, de ver-nos afundarmos junto com o barco, acrescido do medo de não ver novamente o resto da família, nem tão cedo, nem tão tarde!
Sou, definitivamente, passional. Minha paixão me adora – diz ela – e acha que sabe ler minha mente, como eu sei ler a sua, e isso, às vezes, me mata! Me irrita a distância física que nos separa, e tudo o que menos quero, é continuar sob essa distância “emocional”. O desejo desesperado de voltar pra casa – o que considero como tal – complica as coisas, quando preciso de frieza e dos cálculos para chegar ao meu objetivo de retornar ao lar e de seguir definitivamente o que tenho por meu caminho. Acender as lamparinas do juízo de minha mãe e de minha amada é bem mais difícil, então tratarei de manter as minhas bem acesas, para continuar e não me desviar de meus planos. Amigo que se entregou ao caminho errado e se afastou, com medo de meus “sermões”, falta de vida social, não haver nenhum lugar pra morar próximo do trabalho, nada disso tem de afetar meu juízo, nem meu julgamento. Lá era melhor sob muitos aspectos, mesmo enfrentando as dificuldades mesmas que enfrento aqui, mas o melhor de tudo é não sofrer as mesmas dificuldades, nem piores, é seguir meu caminho! É o que vou fazer... com ou sem apoio monetário ou moral!