Risos na fila
Antigamente, quando morria alguém famoso, artista, político, esportista, havia um clima de comoção geral. E eu também entrava na onda. Só o tempo mesmo era capaz de reequilibrar e mostrar novas faces e objetivos na vida. Se o morto era parente, amigo ou algum conhecido, o impacto era ainda maior. Às vezes, impossível conter as lágrimas.
Tenho observado que de uns tempos pra cá não ligo mais para as notícias de falecimentos. Nesse período, perdi vários grandes amigos e nem me preocupei em ir ao cemitério. Preferi guardar a imagem boa e alegre. Recentemente, ao término do sepultamento de um parente, alguns primos se reuniram pra conversar e quebrar o gelo. E que gelo...
Terminada a conversa, durante despedidas e beijos, uma das primas soltou uma pérola: “Pessoal... A fila tá andando, heim...” e a cerimônia foi encerrada com uma tremenda gargalhada, enquanto os pedreiros davam os últimos retoques no trabalho. Após a gorjeta, cada um voltou pra sua casa sabendo que, a qualquer momento, a fila pode dar mais um passo. Bem... Mudemos de assunto.