No mesmo saco

Não será necessário refletir muito para concluir que ninguém é bonzinho quando se trata da defesa dos próprios interesses. Claro que há exceções, como sempre, que deveriam ser a regra. Mesmo assim, não há como não se revoltar quando vemos certos “vômitos” da sociedade brasileira, ainda que seja pela televisão, onde não há cheiro, onde estamos a salvo das ações e reações que ocorressem à nossa revelia. O pau cantando entre MST e jagunços, o desespero dos desvalidos dependentes da saúde pública, os assaltados pelos mesmos costumeiros assaltantes nas ruas dos centros urbanos, a ação da bandidagem dentro dos presídios e o tratamento desumano e, contraditoriamente negligente que lhes é dispensado. Nos mesmos noticiários, vemos também a preocupação dos parlamentares com a manutenção do status, imunes, blindados contra o clamor público. A seqüência das notícias não nos permite respirar, logo, fazemos a ligação dessa realidade com a clara sensação de que tudo continuará como está e que não há a quem recorrer. Caos e desmando é a tônica. Passam na mente ímpetos de desobediência civil; de revolta diante da aparente indiferença das autoridades. Não há como conviver com inferno e paraíso no mesmo círculo sem se ficar atônito. Neste inferno indefinido em paraíso relativo não há idéias novas sem desvio de verba; ações sem contrapartida; conduta ética intocada. Será que fazemos parte de uma fila a onde cada um espera a sua vez de abusar de uma disputada posição? Será que é porque essa fila é longa demais e vamos com sede demais ao pote ou ainda porque aprendemos driblar aos concorrentes durante a espera e isso “nos servirá de bagagem”?