FOGÃO A LENHA
Fogão à Lenha
Como é gostoso o sabor da comida preparada no fogão à lenha. Todas as vezes que vou para a casa de praia de minha mãe, tenho este simples prazer de preparar e saborear refeições feitas no fogo à lenha.
Na minha infância, fartei-me de brincar de casinha com minha prima, e meus irmãos. Sempre dávamos um jeito de fazer uma fogueirinha e improvisar umas panelinhas. Cozinhávamos arroz, carne, uma vez, lembro-me que meu irmão Paulinho, improvisou um forno e assamos umas mini bisnagas, que ficaram negras e duras. Ao trincá-las quase ficamos sem os dentes.
Hoje passei pela Lapa, famosa pela beleza arquitetônica dos seus arcos. E lá estava no meio de um dos jardins um fogão a lenha. Uma lata enorme servia de panela. A fumaça ia longe. Os mendigos sentados em volta conversavam, estirado na grama um adolescente dormia, mais ao lado dois senhores fumavam. Uma mulher no meio de muitas sacolas plásticas revirava aqui e ali. O cheiro que vinha da lata fumegante era convidativo, observei algumas pessoas que passavam revirar o nariz. Estava quase na hora do almoço. A chuva miudinha tinha dado uma trégua. Não pude observar mais, eu tinha que chegar logo na Rio Branco.
Mais tarde quando eu almoçava na Uruguaiana, lembrei-me do fogão a lenha. Será que o almoço deles ficou pronto a tempo? Será que estava saboroso? O meu não estava ruim, mas não era o prato tradicional da cozinha chinesa. Ainda brinquei com o ilustre desconhecido que se sentou ao meu lado. O meu “Aqui sobra” é de carne de gato, ele sorriu, piscou e disse:” - Não sei não, o meu deve ser carne de pombo, daqueles que a gente vê em bandos sujando as ruas da cidade".
O Rio de Janeiro tem este lado pitoresco, mesmo com chuva miudinha, segunda que não tem muita alegria, pois é fim de mês, o Flamengo não ganhou ontem como esperava a nação rubro-negra, vamos em frente, pois como na música, o Rio de Janeiro continua lindo. (Aviso: às vezes têm que se enxergar a poesia no cotidiano, na sua simplicidade, na sua identidade para penetrar o encanto).