Medo numa Fazenda em Garanhuns
Esta história que vou contar ocorreu numa fazenda próxima à cidade de Garanhuns, no agreste de Pernambuco. O lugar pertence à família de um amigo meu. Eu e vários colegas costumávamos ir para lá na época do Festival de Inverno, um evento cultural que agita a cidade todo ano, no mês de julho.
Num certo ano desse festival, na propriedade estávamos eu, uma namorada que tive, um dos meus irmãos, dois amigos, o dono da casa, a namorada e o avô dele - que mora sozinho na fazenda, há vários anos. E naquele ano não estavam outros familiares dele. Nós passamos três dias naquele local. Na primeira noite, eu estava numa casa que serve de anexo para o casarão da fazenda quando eu e minha namorada ouvimos passos nas proximidades. Depois ouvimos batidas fortes nas janelas e na porta. A minha namorada ficou apavorada e eu me levantei da cama para ver se a porta estava bem trancada. Graças a Deus estava. E esses barulhos se prolongaram até o sol nascer. Na manhã desse dia, o assunto principal do café da manhã foram esses estranhos ruídos que todos na casa ouviram. O menos assustado era o avô do meu amigo, o qual afirmou que já estava acostumado com os passos e as batidas estranhas nas noites frias daquela localidade.
Mas o pior acontecimento foi na última noite. Já estávamos nos quartos e nos preparávamos para dormir e voltar para o Recife no outro dia. Eram mais ou menos onze e meia da noite quando surgiram novamente os barulhos. No anexo da fazenda, onde eu estava com minha namorada, não ocorreu nada. Entretanto, dentro da casa grande, ocorreram fenômenos arrepiantes. O meu irmão dormia num quarto com mais dois amigos e o dono da casa estava com a namorada em outro aposento. E todos ouviram estranhos passos, não só fora da casa, mas também no seu interior!
Os passos foram discretos no começo e se intensificaram com o passar das horas. Deixando todos apavorados. Foi então que meu irmão tomou a decisão de abrir a porta para ver o que era, talvez se confiando no seu 1.87m de altura. Olhou nas duas salas e na cozinha e não havia ninguém. Quando ele retornou ao quarto e acabou de fechar a porta com a chave, o barulho começou de novo, e agora os móveis da sala se moviam e todos ouviram vozes. Mas meu irmão não teve mais coragem de sair e só fez perguntar, de dentro do quarto, em voz alta: “Quem esta aí?” Do corredor, responderam com murmúrios incompreensíveis. E, de repente, alguém tentou abrir o quarto dele e dos amigos, mexendo na maçaneta!
No dia seguinte, novamente no café da manhã, o meu irmão e seus amigos me relataram o ocorrido dentro da casa. Todos foram testemunhas, menos o avô do meu colega, que naquele momento comia indiferente ao assunto. Chegamos à conclusão de que a casa pode ser assombrada pelos ancestrais da família, os quais não gostam de visitantes desconhecidos. Entretanto, nós continuamos a freqüentar a casa todos os anos até 2.004 (quando a fazenda foi vendida pelo avô, que até hoje não disse o motivo disso). Alegávamos que o passeio (ou sacrifício) era válido por causa do conforto da casa e do importante evento cultural que acontece apenas uma vez por ano. Vocês teriam coragem de participar dessa aventura macabra, caros recantistas?
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