Nem tudo não é literal
- Esse som é muito doido.
- É, caso de hospício.
- Como assim?
- É, muito doido.
- Eu disse no bom sentido.
- No bom sentido é ruim.
- É, ta, é verdade, eu falei no mau sentido. Mas o mau sentido é algo bom, ta ligado?
- Não, não to não.
- Pô cara, você é um mala mesmo!
- Isso é bom ou ruim?
- Ruim, é claro.
- Então é bom, certo?
- Como?
- Se é ruim, então é bom, como falávamos há pouco.
- Você é maluco?
- No bom, ou no mal sentido?
- Ãhn?
- O som é doido e isso é bom. Eu sou maluco, logo...
- Cara, tu é doido mesmo.
- Que bom, eu te acho a mina mais malária e to afinzasso de te levar pra cama.
- O quê?
- Isso não foi um “não”, o que é ótimo no bom sentido de bom mesmo, pra não deixar dúvida. Vamos lá!
Algumas horas depois, na cama:
- Daí, foi bom, não foi?
- Me abstenho de responder sem a presença do meu advogado.