No almoço de domingo - 1
Durante algum tempo eu escrevi crônicas que ninguém lia sobre o almoço de domingo; era um jeito de deixar para a posteridade, ou seja, minha família, nossas lembranças do dia em que geralmente nos reunimos. Acabei desistindo de escrever, sei lá por que, mas hoje senti uma enorme vontade de recomeçar. Com isso fica registrado não só a receita do que fiz como também os acontecimentos do dia. Às vezes penso que essa é uma forma para garantir a imortalidade. Outras, que nem bem eu esfrie em um caixão, tudo que escrevi será jogado fora, incinerado para que ninguém, nem mesmo um catador de lixo possa ler. Mas não importa. O que importa mesmo é o momento, o único momento em que vivo: este.
Levantei muito tarde, ou melhor, relevantei, porque bem cedo eu estava de pé e tomei meu café acompanhado dos inseparáveis remédios, mas voltei para a cama. Sem compromissos a não ser fazer o almoço quando finalmente entrei na cozinha já era bem tarde e descobri que o prato que eu decidira fazer não poderia ser feito simplesmente porque me esqueci de tirar a carne do freezer. O que aliás é bem comum acontecer.Tive que fazer outro com o que tinha em casa. Escolhi um prato único, macarrão penne. A receita, encontrei entre meus guardados, eu já havia feito uma vez, em 2007, nem me lembrava mais. Se copiei, deve ser boa, pensei.
Bem, posso adiantar que valeu a pena. Acho que todos gostaram porque repetiram e alguns mais que repetiram.
Enquanto a água fervia, eu fritei lingüiças cortadas em pedaços bem pequenos. A receita pedia calabresa fatiada e ainda por cima cortada em quatro, mas eu fiz com outra lingüiça mesmo, que conhecemos como Guanabara, cortadas bem finas. Fritei na manteiga e junto um dente de alho grande cortado em fatias finíssimas. Enquanto isso acontecia eu cortei em cubinhos presunto, queijo mussarela, e juntei a uma lata de creme de leite e uma de pomarola. Nessa altura a lingüiça estava pronta e também o macarrão cozido com sal. O macarrão, escorri, coloquei em um refratário e reguei com azeite de boa qualidade. Ao refogado da lingüiça juntei todos os outros ingredientes e depois os coloquei no refratário com o macarrão, misturando bem. Cobri com queijo ralado e levei ao forno, onde ficou um tempinho para os queijos derreterem. Ficou muito bom, valeu a pena fazer. Pena que eu tenha esquecido de salpicar a pimenta calabresa.
Vera e Lucas vieram para o almoço. Lucas como sempre trazendo o vinho. Bebemos duas garrafas, ele, Marilda e eu enquanto o almoço não ficava pronto comíamos indevidamente cubinhos de mussarela que deveriam ter ido para o forno, mas não fizeram falta. Os outros não bebem vinho, o que nós, os amigos de Baco, agradecemos penhoradamente. Depois, é passar o resto do dia de papo para o ar, lendo um bom livro, no caso, Viver para contar, de Gabriel Garcia Marquez.
Durante algum tempo eu escrevi crônicas que ninguém lia sobre o almoço de domingo; era um jeito de deixar para a posteridade, ou seja, minha família, nossas lembranças do dia em que geralmente nos reunimos. Acabei desistindo de escrever, sei lá por que, mas hoje senti uma enorme vontade de recomeçar. Com isso fica registrado não só a receita do que fiz como também os acontecimentos do dia. Às vezes penso que essa é uma forma para garantir a imortalidade. Outras, que nem bem eu esfrie em um caixão, tudo que escrevi será jogado fora, incinerado para que ninguém, nem mesmo um catador de lixo possa ler. Mas não importa. O que importa mesmo é o momento, o único momento em que vivo: este.
Levantei muito tarde, ou melhor, relevantei, porque bem cedo eu estava de pé e tomei meu café acompanhado dos inseparáveis remédios, mas voltei para a cama. Sem compromissos a não ser fazer o almoço quando finalmente entrei na cozinha já era bem tarde e descobri que o prato que eu decidira fazer não poderia ser feito simplesmente porque me esqueci de tirar a carne do freezer. O que aliás é bem comum acontecer.Tive que fazer outro com o que tinha em casa. Escolhi um prato único, macarrão penne. A receita, encontrei entre meus guardados, eu já havia feito uma vez, em 2007, nem me lembrava mais. Se copiei, deve ser boa, pensei.
Bem, posso adiantar que valeu a pena. Acho que todos gostaram porque repetiram e alguns mais que repetiram.
Enquanto a água fervia, eu fritei lingüiças cortadas em pedaços bem pequenos. A receita pedia calabresa fatiada e ainda por cima cortada em quatro, mas eu fiz com outra lingüiça mesmo, que conhecemos como Guanabara, cortadas bem finas. Fritei na manteiga e junto um dente de alho grande cortado em fatias finíssimas. Enquanto isso acontecia eu cortei em cubinhos presunto, queijo mussarela, e juntei a uma lata de creme de leite e uma de pomarola. Nessa altura a lingüiça estava pronta e também o macarrão cozido com sal. O macarrão, escorri, coloquei em um refratário e reguei com azeite de boa qualidade. Ao refogado da lingüiça juntei todos os outros ingredientes e depois os coloquei no refratário com o macarrão, misturando bem. Cobri com queijo ralado e levei ao forno, onde ficou um tempinho para os queijos derreterem. Ficou muito bom, valeu a pena fazer. Pena que eu tenha esquecido de salpicar a pimenta calabresa.
Vera e Lucas vieram para o almoço. Lucas como sempre trazendo o vinho. Bebemos duas garrafas, ele, Marilda e eu enquanto o almoço não ficava pronto comíamos indevidamente cubinhos de mussarela que deveriam ter ido para o forno, mas não fizeram falta. Os outros não bebem vinho, o que nós, os amigos de Baco, agradecemos penhoradamente. Depois, é passar o resto do dia de papo para o ar, lendo um bom livro, no caso, Viver para contar, de Gabriel Garcia Marquez.