OS VAGA-LUMES E A VIDA

O que é vazio para uns pode ser repleto para outros? Pode. E, como pode!

Esta é mais uma daquelas questões de gosto, em que se fica argüindo o que seria do amarelo.

Eu, particularmente, não gosto de amarelo. Posso citar uma, no máximo duas, peças de roupa amarela que tenha usado até hoje. Mas tem quem ame, e isto é o bom da vida! Tipo: sempre vai haver um chinelo velho para um pé descalço e coisa e tal.

Porém, o que me levou a este interlúdio sobre sabores e dissabores não foi o amarelo, ou o pé descalço. Foi a questão de gosto mesmo, e, se vale a pena discuti-lo. Vou explicar.

Loquei dois DVD´s neste final de semana. Dois filmes de gêneros distintos. Um, por escolha minha. Gostei do título (do original, em Inglês), da sinopse e, é claro, da presença de Willem Dafoe e Julia Roberts (porque sempre espero mais do que Uma Linda Mulher pode dar). Porém, não me senti muito encorajada pela cara da atendente que, acabou me indicando entusiasmadamente um suspense “da hora”... Com a chuva me cutucando do lado de fora, levei os dois.

Assisti ao suspense primeiro, acreditando menos em mim e mais na indicação da mocinha da locadora. O filme não tinha nada de mais e nada de menos também. Não me fez chorar, nem rir, nem sentir medo e nem sequer excitação, embora pretendesse ser um suspense erótico. Quando terminou, virei para o lado e simplesmente dormi, sem pensar em nada. Aprendi ao longo da trajetória de apreciação de incontáveis películas que, se não faz pensar, pra mim não presta.

No dia seguinte fui assistir ao meu escolhido, Fireflies in the Garden ou se preferirem em português, Um Segredo entre Nós. E, o filme – desencorajado - me fez chorar muitas vezes e rir em outras; despertou-me o medo em alguns momentos e excitação em uma cena que nem pretendia ser erótica. Quando terminou, enquanto as letrinhas do casting rolavam pela tela preta, a música de fundo embalou a torrente de pensamentos que me inundaram. Ou seja, amei o filme!

Mas, não vou sair por aqui dizendo que assistam porque é maravilhoso, inesquecível e parari parará. Foi bom para mim, mas pode não ter sido para você. Entende?

Li uma resenha sobre o mesmo filme em que o cara comenta que está até hoje procurando o segredo entre os vaga-lumes do jardim. Eu acho que ele não encontrou porque dormiu! Uma vez que a mim, desvendaram-se vários segredos durante o filme, sem que a Julia Roberts usasse uma microssaia e pintasse o bocão de vermelho. Aliás, ela pouquíssimo atua.

Não vim aqui fazer uma indicação. Vim discorrer sobre diversidade de gostos. E por que não dizer de anseios, de desejos, de vontades, de almas e corações?

O ótimo seria que todos sentassem no sofá e rissem juntos. E chorassem igual entre pipoca e guaraná. Que ninguém roncasse de tédio.

Porém, enquanto uns descobrem - já nos primeiros segundos - os segredos entre os vaga-lumes no jardim, outros vivem a procurar.

E tal como a vida imita a arte... Assim acontece com filmes, assim acontece na vida.

Léia Batista
Enviado por Léia Batista em 26/04/2009
Reeditado em 26/04/2009
Código do texto: T1560839