SE VOCÊ ESTÁ ZANGADO, CHATEADO OU COM DOR DE CABEÇA, VÁ PASSEAR NUM SHOPPING....

 

     Na verdade eu estava zangado, chateado e com dor de cabeça. Para não piorar as coisas, resolvi passar a tarde zanzando pelo belo shopping aqui do bairro . Poucas coisas são melhores do que quando você tem a oportunidade de ir ao shopping com tempo, sem pressa, sem hora para voltar e afim de curar a zanga, a chateação e a dor de cabeça.

   Começa que basta sentar num daqueles bancos que ficam no meio corredor e observar as pessoas que passam rindo, despreocupadas e com algumas sacolas nas mãos. E ficar preferencialmente olhando para as mulheres, claro.

   E como tem gente bonita num shopping ! Cada sorriso, cada maneira de olhar e de caminhar, o balançar dos cabelos (e dos quadris), sem dúvida é um espetáculo digno de ser pintado pelos grandes pintores.

    Fico imaginando o que seria dos shoppings se nele não tivessem mulheres desfilando. Estariam desertos, seriam cinzas, sem cores e sem nenhuma luz.

    Fico imaginando também como o mundo seria , digamos, pouco imaginativo se as mulheres fossem todas iguais, se se vestissem iguais , tivessem o mesmo sorriso e a mesma maneira de, digamos, balançar.

   Seria um caos, motivos suficientes para que qualquer zanga, chateação ou dor de cabeça persistissem. O que acho interessante e gosto de olhar nas mulheres (entre outras coisas, claro), é a forma como se vestem. E se calçam.

  Num mesmo ambiente, absolutamente descontraído, vejo saias, calças compridas, shorts, alguns bem curtos e vestidos, alguns bem compridos, tênis, botas, saltos bem altos. É essa variedade, essa verdadeira salada de cores , vivacidade e criatividade que alegram nossas vidas, em enchem nossas almas com a certeza de que a vida, afinal de contas e apesar da dor de cabeça, da zanga e da chateação, vale a pena ser vivida.

    Percebi um casal de namorados que me chamou a atenção em particular. Eles se sentaram bem à minha frente. Os dois, cabelos brancos e muito bonitos tomavam um desses sorvetes que são uma delícia mas também são rápidos para derreter, pingar e manchar nossas camisas.

   O detalhe interessante é que mesmo com o sorvete escorrendo entre os dedos ela fazia questão de, delicadamente, com uma minúscula colher de plástico vermelha dar um pouco do seu sorvetinho na boquinha do seu companheiro.

   Ah !  O amor é lindo ! Ainda mais respingado de sorvete e num shopping movimentado. Mas chega uma hora que a gente fica cansado de ficar sentado e então, ainda prestando a atenção nos decotes e no balançar dos quadris que desfilavam por todos os lados, resolvi olhar as vitrines e parei diante de uma loja que exibia uma quantidade inimaginável de relógios, numa iluminadíssima vitrine.

   Nem bem tinha começado a olhar quando uma bela atendente se aproximou e me perguntou se eu tinha alguma dúvida na escolha de um relógio. Perceberam a sutileza ? Ela não me perguntou se simplesmente poderia ajudar, mas foi logo se oferecendo para me ajudar na decisão sobre qual relógio eu deveria levar.

   Num piscar de olhos estava dentro da loja e debruçado sobre balcão com tampo de vidro e também num piscar de olhos me vi diante de uns trinta modelos diferentes de relógios de todos os tipos de pulseiras e cores.

   Aí então eu acordei e percebi que tinha caído numa armadilha. Dei uma desculpa que estava sem dinheiro e a vendedora me ofereceu a oportunidade de comprar com cartões de crédito. Disse que não tinha cartões e ela colocou na minha frente uma proposta para um cartão do shopping, com aprovação imediata.

   Para encurtar a história, saí da loja com um relógio novo no pulso esquerdo e o antigo no direito. Mas, aconteceu uma coisa boa. Pelo menos a dor de cabeça tinha passado. Também não me sentia mais zangado e nem chateado.

   Beleza ! Poderia voltar para casa, tomar um banho e assistir a um filme na TV. Resolvi fazer então o seguinte : dei mais uma volta pelos corredores movimentados, sem deixar de prestar a atenção nos decotes e no balançar dos quadris e fui até a praça de alimentação.

   Entrei na fila dos que fariam pedidos no Spoleto e paguei por um prato de ravioles de mussarela de búfala com tomate sêco. Escolhi uma mesa estratégica que me permitia continuar olhando para quem passasse no corredor.

   A festa na passarela continuava. Ainda bem ! Depois de me empaturrar com os ravioles fui para o estacionamento. Entrei no carro e então dei um largo sorriso, que logo se transformou numa bela gargalhada.

   Por que mesmo eu estava zangado, chateado e com dor de cabeça ?


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(.....imagem google.....)

WRAMOS
Enviado por WRAMOS em 25/04/2009
Reeditado em 14/02/2013
Código do texto: T1559461
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