Picadeiro

Muitas vezes, gostaria que meu coração fosse mais que apenas duas estações, gostaria que toda recordação fosse mais que livros, discos ou pessoas. Queria poder ter infinitas faces, que ultrapassassem as barreiras do inverno ou verão.

O inverno me traz lembranças, solidão, desespero, me remete ao passado e me faz lamentar um futuro incerto. O verão cria laços, fogo, me faz acreditar que tudo e composto por um todo, um todo cheio de esperança, o verão me comanda 30 dias no ano , e esses finitos e sonhados dias, se encarregam de criar laços para serem lembrados pelo resto de todo ano que se segue.

O verão me une e aniquila qualquer possibilidade de flores pelo caminho, assim, sim esperança na primavera, sei que a rota e circular, a rota e apenas uma fusão de amor e ódio, e não me fornece a possibilidade de libertação.

Meu verão e intenso, limpo, conturbado e fracionado, ao longo do ano traço metas, escondo os desejos, encaro apenas a vontade que dura enquanto o momento se perpetua. Já o inverno, joga a realidade na minha alma e me inspira as mais diversas formas de suicídio.

Não sou mais que linhas e curvas, curvas que somam uma vida, curvas perigosas que por instinto destrói sonhos. Linhas na face, as tais linhas cheias de expressões, hoje não passo de circo, hoje não passo de álcool e nicotina.

O perigo me atrai e como consequência resta o choro sob a coberta. Queria poder dançar para sempre, ser as notas e melodia, quero ser mãe, esposa e amante.

Por que dentro de mim tem um circo, a vida em Marte me atrai, o lúdico me excita, o sorriso desesperado que me cobre a face, mesmo provocando rugas e mais rugas ao longo do tempo, me enche de vida.

As bocas me completam, bracos se escancaram como laços, e tudo me deixa louca.

POR QUE DENTRO DE MIM TEM UM CIRCO...

Agatha Pamela
Enviado por Agatha Pamela em 24/04/2009
Reeditado em 25/04/2009
Código do texto: T1557825
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