O tamanho do problema de cada um
Eu estava em Valência, na Espanha. Um dia, quando voltava da universidade, aconteceu um fato simples, mas que me emocionou. Talvez também porque eu já estava com muita saudade do Brasil, e assim ficava mais sensível. Ainda assim, o fato não deixa de remeter a reflexões.
Quando passei ao lado de uma quadra de tênis, vi uma menininha de uns 6 anos de idade grudada na grade de proteção, olhando fixamente para a rua. De longe, fiquei curioso para saber o motivo de tamanha concentração.
Ao me aproximar, ela gritou: “Señor, la pelota!”. Era a bolinha dela que tinha caído na rua. Depois que joguei de volta a bolinha por cima da tela de proteção, ouvi a doce vozinha de alívio: “muchas gracias”.
Que interessante é a pureza de uma criança. Para ela, o problema era enorme, angustiante, insolúvel. Os instantes que antecederam a minha chegada devem ter parecido uma eternidade.
Aprendi com isso a não menosprezar o problema dos outros. O nosso sempre parece maior mesmo. Além disso, quero valorizar mais as coisas que realmente são importantes. Não quero cair na armadilha de confundir as prioridades da vida, trocando o importante pelo urgente.