Amor e Abandono

Sei que pra ti não foi fácil tomar esta decisão. São tantos anos, tantas histórias. Tantas lembranças partirão daí contigo para um lugar novo, quase desconhecido. Sei que no fundo não te sentes à vontade. Se pudesse ficaria no teu canto, com as tuas coisas, com teus pensamentos e sentimentos reservados, mas não escondidos.

Vejo tua pressa em livrar-se do mal estar que lhe causa essa confusão de valores, de comportamentos, de personalidades desconhecidas. Por egoísmo, por falta de compreensão, outros machucados vão se juntando ao teu mundo já tão carregado de transições pesadas.

Aquele a quem acompanhou o crescer, de quem esteve próxima, mimaste, deste carinho, amor, atenção, por motivos banais te magoa, te fere alma adentro, provocando mais rachaduras em teu coração.

Ah! Ingratidão como é difícil encará-la de frente. Suportar teu tamanho diante da pequenez de ser humano. Como é estranho sentir-se frágil depois receber atitudes imprevisíveis, grotescas, sem fundamento, sem razão.

Escuta o pedido de perdão, que traz pouco conforto, pois no fundo sabes que diante do fim quase nada pode ser dito.

E fica a pergunta que não quer calar: quanta gente abandona por falta de estrutura emocional, muito mais do que financeira? Quanta gente recusa o amor sincero e verdadeiro por vaidade?

E assim, vão ficando para trás, sozinhos, isolados, sem referência, sem volta... Tentando permanecer vivos, na memória. Não é quase sempre assim?

Cássia Nascimento
Enviado por Cássia Nascimento em 24/04/2009
Reeditado em 24/04/2009
Código do texto: T1557010