Norah
Norah acaba de cantar “Nightingale” e eu me sinto arrastado pelo clima do blues para muito longe no espaço e para o tempo da conversão de uma plataforma realizada num estaleiro em Galveston, Texas.
A procura do alivio das pressões do trabalho, me levavam nas noites de Sexta e Sábado em direção ao prazer de um jantar dos anjos em locais de excelência em “Sea Food” tais como o “Fish Tales” (com trocadilho mesmo!), ou no obviamente caro “Fisherman’s wharf” de divina lagosta...
Mas os gastronômicos odores e sabores que compensavam a fraca alimentação de bordo, eram tão somente a entrada para o verdadeiro repasto, este no plano musical no “The Strand Street Saloon”, antro meio assustador de frequência duvidosa, rendez-vous de prostitutas e proxenetas...
...Mas era exatamente nesse infecto ambiente que eu, chegado ao jazz e ao rock`n blues realmente me achava, siderado e em transe com o som irreal, mágico, extra terreno, de grupos musicais de homens grisalhos, todos com mais de 60, instrumentistas dos deuses, vozes roucas cantando magoadas ou filosóficas rimas magistralmente colocadas sobre um leito melódico único, porque nunca repetido tal o nível de repentismo em torno da linearidade dos temas!
Enfim, volto à realidade e de novo me deixo embalar pelo que chamo de “carinhos musicais” da divina Norah, minha emoção, meu arrepio...
“Lonestar, where are you tonight?
This feeling I’m trying to fight
It’s dark and I think that I would
Give anything
For you to shine down on me”…