UMA VITÓRIA COM  SABOR (AMARGO)DE DERROTA


 
            Eu nunca gostei de perder, aliás, eu e a torcida do flamengo, mas sem hipocrisia, pior é vencer e sentir-se derrotada. Hoje estou me sentindo assim. Venci mais uma etapa nesta longa e interminável caminhada em busca do saber. Conclui meu curso de Filosofia. Monografia feita, apresentada, aprovada.

            Mas o gosto amargo da derrota insiste em travar o sabor do sucesso. Não fiz “A” monografia. Desde o início sabia que ia ser assim, mas por ousadia e teimosia e outros “ias” mais não mudei minha escolha. Sabia os riscos. Lógica não é, nunca foi a minha praia, por extensão a Filosofia da Linguagem não seria o rio mais tranqüilo para mergulhar em busca de louros. Mas, mergulhei.

            Por pouco não me afoguei. Cheguei a nadar perdida. Naufragar e quase pular fora do barco, mas tinha meu compromisso, comigo mesma e com aqueles que acreditaram em mim, que criaram condições para que eu chegasse até aqui, quando a conclusão parecia um sonho distante – em virtude dos muitos problemas enfrentados nos dois últimos semestres, por eles resolvi que iria até o fim.

            Mudei de autor, de tema e arrisquei tudo. De cara sabia que não faria um bom trabalho. Foi muito precipitada a atitude de mudar tudo nas últimas semanas. Meu orientador ficou preocupado, mas apoiou-me. Resultado, fui aprovada, mas com a certeza que não dei o melhor de mim, que eu poderia ter feito muito mais. Que fracassei. 

            Claro, que todos nós estávamos no mesmo barco, reclamando do tempo, ou falta dele, já que eram seis disciplinas, incluídas ai estágio e monografia. Mesmo assim eu sei que poderia ter feito melhor. Fica a sensação de imcompletude. Durante todo o curso me esforcei, procurei dedicar-me o máximo, fui atenciosa com os prazos, estudei e agora, no final, relaxei. Entreguei os pontos. Não foi justo comigo e com os que acreditaram em mim.

            Desculpe Josailton (meu orientador), sei que você esperava muito mais de mim, desculpem meus companheiros de jornada. Eu estou tentando perdoar-me. Depois de dias de angústia, indecisão, medo e finalmente a noite da apresentação, eis-me aqui – oficialmente licenciada em Filosofia, mas sentindo-me apenas alguém que conseguiu o direito de assinar como licenciada. Não é bom sentir-se assim. 

            O que me conforta é saber que posso e vou fazer diferente. Que sempre honrarei o que aprendi e que nada, nada terá sido em vão. Nem esta vitória com sabor de fracasso.

            Obrigada aos que acreditaram e continuam acreditando em mim. Myrna – minha amiga de infância que só encontrei na maturidade -, você não tem idéia do quanto me fez bem falar com você hoje! Dia 23 nos encontraremos!



                                                    
Josailton e seus dois orientandos: Adam - Filosofia da Ciência Natural; Eu - Filosofia da Linguagem.
Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 23/04/2009
Reeditado em 23/04/2009
Código do texto: T1555557
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.