Violência

Não raro compõe a estrutura de uma Metrópole, o ser humano esquecido dentro de si, que faz das calçadas, abrigos, munidos de miséria e fome. Essas cenas não são insólitas, mas rotineiras nas páginas cinzas de uma metrópole. Quando atinge nosso núcleo, é um escândalo, estimula o desejo de combater, de sanar os cortes de dor, de compor a justiça. Mas quando estão reclinadas nas calçadas das ruas, estaladas no dia dos excluídos, a violência não tem vítimas, apenas culpados que vivem á margem porque assim querem!

O governo culpa os “nordestinos” de contaminar São Paulo, assim como a França culpa os “imigrantes” como fez Jean- Marie Le Pen.

Culpamos os pobres pela violência, mas ignoramos a veia, a fonte dessa desordem. A máquina governamental que impõe suas leis, que sustenta os organismos financeiros internacionais e ditam as políticas que o mundo deve seguir, mesmo que isso crie, mais excluídos, aumente as desigualdades, concentrando a riqueza; nunca dividir!!!

Enquanto a violência for tema relativista, e na concepção sobre esta estiverem imbuídos o preconceito e a inconsciência mórbida, a lágrima do outro nunca passará de um sentimentalismo demasiado, de uma gota de um líquido seco, e a fome que outro sente será apenas um desejo que o sono adormece.

Findo meu pensamento, com os reveladores versos de Drummond de Andrade.

(...)

“As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios

provam apenas que a vida prossegue

e nem todos se libertaram ainda.

Alguns, achando bárbaro o espetáculo,

prefeririam (os delicados) morrer.” (...)

Este texto surgiu com base na foto “Josué”! de autoria do amigo e professor de fotografia Nando Ferreira.