O "VIGILANTE" DA MINHA RUA

A rua onde moro talvez quem saiba, por ser sem saída, é bastante pacata, diga-se de passagem. Inclusive, a garotada se diverte bastante. Dependendo do tempo, chega a improvisar um jogo de futebol, vôlei etc. Portanto, nada tenho do que me queixar, pelo menos durante estes 15 anos que resido aqui.

Há pouco mais de seis meses, aproximadamente, tenho observado um fato que me chama a atenção, principalmente pela pontualidade que ele ocorre. Trata-se de um “vigilante”, um “guarda”, um “vigia” que, diariamente fica em frente a um dos prédios contíguo ao meu. Não, não é nada aterrorizador, sinistro ou preocupante. Trata-se de um senhor, aparentando 65 anos, de olhar pacífico, bem lúcido e tranquilo que, todos os dias exerce por conta própria esta função de “vigia” de uma rua sem saída. Esta alcunha é criação minha a que tudo indica que ele não se autodenomina como tal. Chego a pensar com os meus botões: Por que será que ele fica ali plantado, parado, de pé, ora olhando para um lado ora para o outro? Dificilmente, sempre que passo diariamente para ir à padaria, lá está ele respondendo os cumprimentos das pessoas que passam.

O que será que aquele senhor, cujo nome não sei, pensa da vida em geral. Pela aparência, tem tudo para ser um aposentado. Não parece sofrer de nenhuma doença. Na primeira hipótese, se for verdade, aparência, jeito de vagabundo não tem, não é senhor Fernando Henrique?

Quando vejo aquele senhor, lembro-me imediatamente da música do Chico Buarque que diz: “Esperando, esperando, esperando o sol, esperando o trem, esperando aumento para o mês que vem”. “Esperando a festa, esperando a morte, esperando o dia de voltar pro norte...”. Mas, só mesmo Deus sabe o que se passa pela mente daquele senhor. Ou talvez, o próprio.

Esse é um fato que passa despercebido por muitas pessoas da minha rua. Muitas vezes pela pressa diária quando passam para o trabalho, a escola, enfim não conseguem observar que aquela atitude corriqueira chama a atenção até dos mais incautos transeuntes, que como eu, passa por ali diariamente. Mas, é assim mesmo. Cada um com a sua respectiva observação.

João Bosco de Andrade Araújjo

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JOBOSCAN
Enviado por JOBOSCAN em 23/04/2009
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