Apenas uma Cadela...
Na saída de casa vi uma cena que me emocionou. Uma cadela magérrima fazia festa diante de uma moto-taxi. Demonstrava uma alegria que me fez parar para reparar com mais atenção e usufruir daquele momento: um rapaz fazia brincadeira, acariciava aquele corpo tão sofrido; parecia não se dá conta do quanto chamava atenção. Depois de uns trinta segundos, pegou a cadela nos braços, fez mais um carinho.
Pensei: Ele vai colocá-la no chão e vai embora seguir sua vidinha de trabalhador que espera o salário pingar de gota em gota. Que nada! Ele ajeitou a cadela nas pernas e seguiu com ela bem devagarzinho. Enquanto meus olhos puderam contemplar, presenciei um rabinho balançando. Era a alegria de ter um carinho, uma casa, um alimento certo.
Uma demonstração de amor. Um gesto de um coração que não deixou de construir. O oposto do que presenciei numa reportagem sobre três cães que foram abandonados por seus donos. Ficaram numa casa trancados. Dois machos e uma fêmea que carregava no ventre oito filhotes. Na fome, ela pariu, e todos os seus filhotes foram devorados. Chegaram a comer pedaços de porta, e como água tinham apenas umas gotas que caiam de uma torneira quebrada.
Uma ONG foi acionada, dois dos cães que estavam em prostrados, sem mais abrir a boca, foram retirados e levados para tratamento, e para eles, talvez ainda haja esperança. O outro ficou na casa porque é muito agressivo. E a ONG vai precisar construir um lugar apropriado para ele ficar.
Penso no grau de insensibilidade a que chegou esses donos dos animais. Penso em quantas pessoas chegaram a esse ponto de tratar animais e até mesmo outros seres humanos com essa total incapacidade de amar.
Tenhamos cuidado para que essa incapacidade de amar chegue aos nossos portões. Porque alguém chega a dizer que o homem fica embrutecido em proporção que está inserido num meio violento. Guarde-nos Deus de nos tornarmos maria-vai-com-as- outras