ELA
Ela parecia ser calma. E sempre tentou parecer. Ela cresceu com a virtude da paciência. Ela virou adolescente ainda tão paciente que daria uma bela canção. Ela acreditava tanto na bondade dos que "não mereciam". Ela era apenas ela. E droga... Ela mudou, ela cresceu, ela desacreditou, ela conheceu a raiva, o ódio, a descrença, os idiotas. Ela não era mais ela.
Ela tentou. Tentou tantas vezes. Ela sempre deu chances, sempre tapou o sol com a peneira, sempre fez de conta que não era com ela, sempre exerceu o perdão, sempre fez de conta não se magoar e sempre tentou esquecer tudo. Afinal amigos magoam. Afinal ela já deveria ter magoado alguém, talvez sem querer, talvez não.
Ela não era de ferro. Ela nunca foi. Ela mudou de ferro pra água. Ela queria virar gelatina. Machucam, ela perdoa, mas não esquece, aprende a dizer não, não magoa ninguém e volta a ser paciente. E lá foi ela. Conversa vai, conversa vem... Falam mal do cabelo dela. Ela sabia que seu cabelo estava ótimo então é óbvio que estavam tentando atingi-la, mas ela não segura a língua. Mais uns minutinhos tentam competir com ela, acham que ela quer competir, mas ela não quer, ela nunca quis, ela nunca vai querer, ela acha isso muito idiota, perda de tempo mesmo. Então ela fica quieta e só pensa “Pobre coitada, precisa crescer". Então ela simplesmente deixa nas mãos de Deus. Acorda... Deus ajuda, mas quem age é você. Ela sabia disso. Saber não basta.
Ela teve uma conversa. Uma conversa que fez muito bem a ela. Ela abriu os olhos. Acordou. Viu que não vale a pena. Viu que quem vai sair machucada é ela. Ela está agindo. Ela está tentando. Ela está acreditando. Ela está tentando resgatar sua virtude, mas também aprendendo a dizer não. Ela está se sentindo mais leve. Ela está mudando. Ela está quase gelatina (congelada com creme, hummm). Ela está se tornando ELA. ELA é apenas ELA. Uma bela canção.