QUE DESCULPA ESFARRAPADA HEM SEU MARTINHO LUTERO?
Na falta do que fazer andei fuçando a vida de Martinho Lutero e veja que desculpa mais esfarrapada encontrei, principalmente, para aqueles que se preocupam com a salvação, mas não abrem mão do pecado da gula, de uma conversa menos recatada, nem tampouco de uns tragos a mais. Em 1530, escreveu Lutero a um amigo esta pérola: “Às vezes é preciso beber um trago a mais e divertir-se; em outras palavras, cometer algum pecado com ódio e desprezo pelo demônio, para não lhe dar ocasião de transformar em um caso de consciência tolices minúsculas. Assim, se o demônio diz: não bebas! É preciso responder: vou beber de qualquer modo, e já que me proíbes, beberei uma boa porção”.
É bom que se frise que, quem assim escreveu, sentia-se tranqüilo acerca de sua própria salvação. Lutero continua: “ Que outra razão crês que tenha para beber cada vez mais o vinho puro, manter as conversações cada vez menos recatadas, comer com maior freqüência boas comidas? É para rir-me do diabo, dele que tantas vezes antes , ria de mim”.
Se com uma garrafa de vinho derrota-se o demônio e o caminho para a salvação é pecar com ódio e desprezo pelo capeta, é factível que não seja tão difícil um camelo passar pelo fundo de uma agulha.
Isto posto, levando-se em consideração a teoria luterana, a condição de “papudinho-glutão” pode garantir um pé no reino do céu. É a conclusão a que chegou Lutero no fim da vida, haja vista, após entregar-se aos prazeres da mesa, por conta do que surgiu os “Propósitos à Mesa”.
Depois desta “edificante” pesquisa, fica mais fácil para eu entender determinado bispo, que segundo a turma do plim plim, come bem, conversa bem e diverte-se muito mais. Vai ver que, como Lutero, deseja não somente inventar algum horrível pecado para decepcionar o diabo e mostrar que ele não é homem de pouca fé, mas confiante no amor divino.
Não sei se a guerra é santa, mas a turma do plim plim que se cuide, gente assim não muda. Para registro, as últimas palavras de Lutero para os dois amigos que o assistiam em seus últimos momentos quando perguntaram em voz alta: “Reverendo padre, quereis morrer, apoiado em Cristo e na doutrina que ensinaste? “Sim”, foi o que respondeu Lutero.
Só não sei dizer se ele subiu cambaleando e se de repente o portão lá de cima lhe pareceu estreito.