Permita-se mudar!
 
Depois de passar o feriado da páscoa com um grande grupo de pessoas que há muito não tinha o prazer de conviver, entre os quais alguns amigos e muitos familiares, eu não poderia deixar de falar de mudanças, ampliação da consciência, esse tipo de coisa que frequentemente abordo nos meus textos. Imaginem que alguns desses velhos amigos, que também me acompanham semanalmente, me abordaram de forma impetuosa exigindo que eu “caísse na realidade”. Na verdade mostravam-se totalmente incrédulos com todas as minhas convicções e reflexões expostas nestas conversas semanais.
A princípio, pensei estar diante de uma rara oportunidade de ouvir um feedback e assim ajustar alguns pontos para melhorar o conteúdo, enfim, seria uma excelente ocasião para interagir e aprender algo a mais com o debate. No entanto, para a minha surpresa e de muitos dos presentes, a discussão teve muitas controvérsias. Para simplificar o relato, posso dizer que temo ter perdido alguns amigos e certamente estreitado à relação com outros.
A frustração diante o insucesso no enfrentamento das autolimitações que essas pessoas estavam vivenciando era tanta, que virei o saco de pancadas para justificarem-se. Não aceitavam sequer a argumentação de que todas minhas proposições podiam estar erradas, que eram apenas a minha forma de ver a vida. A fúria era tanta que logo percebi, que no fundo de toda aquela revolta, elas não apenas concordavam, mas que também tinham fracassado em tentar colocar algumas das propostas em prática. Reagir daquela forma diante das minhas ideias e a maneira de ver os fatos, só podiam ser atitudes involuntárias, impensadas e que não havia razão para tanto, pois respeito profundamente o contraditório, seja qual for à opinião do outro.
Um episódio desnecessário, mas de qualquer forma acabou sendo produtivo. Eles se aliviaram em manifestar seu descrédito na capacidade de renovação e construção de um ser humano, e por último, um mundo melhor a partir da própria pessoa, seguindo os caminhos ditados pelo Alto. Eu fiz uma autocrítica profunda e ainda ganhei um motivo concreto para reafirmar minhas convicções, quanto à complexidade e beleza de sermos humanos. No final, tudo “naturalmente” superado com uma polidez invejável e a minha esperança de um mútuo aprendizado.
Um dia após este episódio, fui dar uma volta pelo sítio, um local amplo com a natureza preservada e encontrei um casulo, cuja larva no seu interior remexia-se continuamente. O pequeno casulo balançava como se um terremoto brotasse do seu interior. Logo percebi que era a vida se transformando e certamente tornando-se mais bela. Um processo de desenvolvimento onde a larva se submete a uma profunda metamorfose para crescer. Um processo de mudança parecido acorre com os seres humanos, pois quando queremos superar uma dificuldade ou vicio qualquer, nosso interior se debate violentamente, é este processo que nos transforma. O resultado obtido dependerá do quando formos capazes de suportar e aceitar essa mudança.
Existem os que não se propõem a passar por essa mudança, preferem permanecer lagartas a vida toda. São pessoas que optam por não crescer, preferem apenas envelhecer; estas jamais saberão o que é ter assas e voar, consequentemente não experimentam e não percorrem grandes distâncias, apenas vagam pelas proximidades e contemplam invejosamente a transformação e o voo das demais.
Aproveite e entre no embalo de renovação do momento e transforme a realidade a seu redor. Surpreenda as pessoas com novas atitudes, seja mais ousado, mais amigo, mais humano. Mostre-se e permita-se conhecer as outras pessoas, seja pioneiro em fazer movimentos que proporcionem mais felicidade a todos. Encare a transformações como uma etapa de crescimento, fortalecimento da própria personalidade. Acredite mais no invisível, na sabedoria superior e consequentemente em si mesmo. Permita-se fazer a própria transformação e contagie todos ao seu redor.
Mude a forma de tratamento com as pessoas, nada de palavras duras, secas, que mais parecem um tijolo jogado na cara do que uma forma de comunicação, embora, às vezes, fazem-se necessárias algumas palavras mais enérgicas, não podemos confundir firmeza com grosseria; seja firme sempre que necessário, mas não utilize palavras grosseiras, rudes para expressar-se; não precisa estudar uma forma de ser gentil, pois tudo o que precisas está bem lá no seu íntimo; deixa fluir e serás uma pessoa naturalmente cortes. Não se preocupe, sua liderança, seu poder ou, seja lá qual for o seu temor, não irá se perder, pelo contrário, o respeito e a liderança se conquistam com bons modos, simpatia e sinceridade. Desafie suas convicções, assim como desafiaram as minhas; permita-se mudá-las, ampliá-las; seja flexível se julgar necessário, mas jamais perca a oportunidade de crescer e se tornar um ser humano melhor. Boa semana.