A INTERESSEIRA
Sempre ouvimos falar da existência de pessoas que têm algum tipo de tara, mas igual à da DEUSOLINA, eu duvido. Apesar dela não ser fisicamente bonita é dotada de uma lábia que mistura interesse financeiro e frigidez com relação aos seus parceiros, para não dizer, vítimas. Apesar de o seu nome ter uma pequena conotação divina lembra muito mais uma pessoa bastante apegada aos bens materiais, ou seja, materialista e acima de tudo, muito interesseira ou será egoísta também? O certo é que, aos olhos da sociedade, as suas atitudes são genuinamente até certo ponto normais. Pois ela nunca roubou, matou ninguém. Agora se as suas atitudes têm um quê extorsivo, aí são outros quinhentos!
Por coincidência ou não, o certo que Deusolina só procura envolver “sentimentalmente” com homem rico, viúvo, desquitado, mas preferencialmente que tenha uma idade bem avançada. Em síntese, desprovida de qualquer atração sexual, apenas finge que é meiga, carinhosa, atenciosa etc. Contudo, sempre de olho no relógio da vida (ou da morte) do parceiro. Com um jeitinho todo especial sempre consegue, antes dele “bater as botas” ou “partir para outro mundo” atingir o seu objetivo, que é um documento assinado por ele, passando uma boa parte dos seus bens para o nome dela, que não é besta! E assim sucessivamente. Sempre sagaz, antes mesmo de o companheiro atual morrer, já tem o próximo em mente, pronta para oferecer seus préstimos, agindo sempre com segundas, terceiras ou quartas intenções. E o que é impressionante é que sempre consegue, sem deixar nenhuma suspeita.
Atualmente, a Deusolina já não é mais aquela mulher pobre, humilde. Pode-se dizer até que ela agora faz parte da nata da sociedade em que vive! Mesmo desprovida de glamour! Mas, pensando bem, isto é que menos interessa... Como diria uma humorista de um programa de televisão: "tô pagaando!"
O importante é que a personagem em questão nunca foi uma assassina premeditada, calculista, fria como até pode deixar transparecer. Pois, em todas as suas tarefas, o que prevalece é acima de tudo o interesse. Isso lhe é peculiar. O que acontece é acima de tudo uma grande coincidência também, principalmente quanto aos seus "pacientes". A confiança deles é tanta que jamais ninguém vem reclamar, posteriormente, qualquer direito de nada. Deusolina que o diga. E mesmo que, por ventura, algum deles tivesse algum motivo para se arrepender, sem dúvida, não haveria mais tempo para isso.
João Bosco de Andrade Araújo
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João Bosco de Andrade Araújo