DA ARTE DE VENCER
Sério, vou dar um pulinho ali em Atenas, vai haver uma importante reunião da Eclésia, marcada por Péricles e talvez encontre por lá Ariosto, Crisipo e até Alexandre , o Grande; preciso falar com essa gente a respeito do ato de VENCER. Li em Montaigne alguns conceitos dos senhores citados neste sentido e que me deixaram curiosa e deveras interessada em confabular com tão insignes figuras a respeito de tal. De Ariosto li que “É sempre glorioso vencer, deva-se a vitória ao acaso ou ao engenho”. Contudo, isso não é coisa que se diga, tenho certeza que muito de nós não concorda com o Ariosto, Crisipo também não concordou com esta afirmação e retrucou: “Quem toma parte em uma corrida deve em verdade empregar todas as forças para ganhar, mas não lhe é permitido agarrar o competidor ou passar-lhe uma rasteira. Já Alexandre , o Grande, foi magnânimo quando respondeu a Poliperconte – que o instava a valer-se da escuridão da noite para atacar Dario: “Não me parece digno roubar vitórias – Prefiro queixar-me da sorte a envergonhar-me da vitória”.
A propósito, a respeito da reunião da Eclésia, recebi um e-mail de Péricles falando da impossibilidade do meu comparecimento a tal reunião: é vedado o comparecimento de mulheres, embora ele mesmo reconheça que é invocada a proteção de uma, Atenas, a deusa da sabedoria e protetora da cidade e em nome dela será lançado o anátema contra qualquer homem que queira enganar o povo. A guisa de esclarecimento vos digo, que essa reunião tratará do projeto de lei da bule ou da beliê, que é uma espécie de conselho de Estado encarregado de preparar as leis e fiscalizar a sua execução. Agora, quem estava preocupado com o sucesso da reunião era Aristóteles, acreditava ele que não seria concorrida, o que inviabilizaria a forma democrática de proceder, culpa dos atenienses despreocupados como eram, não estavam dando muita importância ao evento, preferindo gastar o tempo nas praças e bares da cidade a dar e ouvir notícias e nada mais.
Isto posto, viagem desmarcada, esquecer Atenas e seguir o rumo de Tabatinga, lá eu sou amiga do rei, “aqui não sou feliz / Lá a existência é uma aventura” (...) ( Vou embora pra Pasárgada –Manuel Bandeira)