A crise bloqueia o conhecimento

Já estamos em abril, e ainda não se sabe a intensidade desta crise, que teve início em setembro, nos Estados Unidos. Para uns está apenas começando, para outros estamos no meio, e há aqueles que defendem que está no fim. Se entre os especialistas existem estas divergências de análises, como fica a expectativa do povo frente à situação? O governo como qualquer bom estadista, abre a torneira aos poucos para que não haja inundação. Enxuga um pouco de água derramada, passa o rodo e seca alguns setores onde começam a transbordar para evitar estado de emergência ou calamidade, no entanto assistimos diariamente centenas de trabalhadores engrossando a fila dos desempregados, sem estabilidade, sem salários, sem tranqüilidade.

A crise abala a rotina do brasileiro em todas suas formas, inclusive no conhecimento. O trabalho, direito de todo cidadão está sendo ceifado ( forçado sem dúvida e até abusado, mas está) infelizmente, depois de um longo período de crescimento da economia brasileira.

Sendo o trabalho a base de um indivíduo e da família, sem emprego toda estrutura familiar desaba, não só em termos financeiros, mas espiritual, emocional, intelectual. Se as qualidades humanas aqui enumeradas não estiverem em perfeita harmonia, dificilmente teremos condições de desenvolver nossos conhecimentos.

Os hábitos e costumes começam a se modificar. O assunto, o tema principal de muitas discussões centraliza-se no emprego, ou na falta deste. Como será o amanhã passou a ser uma incógnita. Tornou-se hábito, uma preocupação constante na vida de muitos cidadãos. Diante deste quadro, como pode haver tranqüilidade para sentar-se confortavelmente em uma poltrona e deliciar-se, viajar através de um livro, os mais profundos conhecimentos.

Os passeios agora mais freqüentes são as agencias de empregos e a entrega de currículos as empresas que supostamente poderiam estar em situações diferentes, mas ao final, o resultado é o mesmo, com as portas fechadas a novos funcionários. O encontro com amigos na mesma situação passou a ser a nova rotina. Os livros, antes em sua companhia, fora substituídos por envelopes amarelos autobiográficos.

Sem a tranqüilidade necessária ao espírito. Sem a estabilidade financeira, por mínima que seja. Sem a serenidade necessária ao ser humano para seu relaxamento e prazer, a mente bloqueia o aprendizado, o conhecimento e o desenvolvimento do intelecto. As crônicas, os contos, os artigos, as poesias, os acontecimentos do dia-a-dia são deixados de lado e o que mais provoca interesse ao leitor, nos jornais de hoje, são as páginas de emprego.

Não se pode inibir a mente em seu desenvolvimento. A rotina deve ser resgatada, com urgência, para que cada um possa quebrá-la ao seu modo e não por imposição. Esperemos que os últimos especialistas estejam com a razão, para em breve voltarmos a pensar e crescer.

Edson Alcarde
Enviado por Edson Alcarde em 18/04/2009
Reeditado em 14/06/2009
Código do texto: T1545743
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