Um número
Acho que estou falando muita besteira para os meus alunos. É que gosto de descontrair o ambiente das aulas e ser amigo deles.
Todo semestre tem uma semana de eventos dos cursos na faculdade onde eu dava aula. No último dia de uma dessas semanas, o coordenador sorteou alguns presentes oferecidos pelos patrocinadores do evento. De forma improvisada, ele pedia para os professores falarem um número aleatoriamente, que corresponderia ao número de inscrição do ganhador.
Como vários outros colegas, também fui inquirido a escolher um número de 0 a 300, eu acho... Falei lá duzentos e alguma coisa, o primeiro que me veio à cabeça.
Na semana seguinte, de aula normal, uma aluna muito tímida, me olha fixamente, como quem queria dizer alguma coisa mas não tinha coragem.
Perguntei-lhe. E ela:
– Professor, se eu lhe disser uma coisa, você não vai ficar chateado?
Curioso, prometi o solicitado e ela continuou:
– Semana passada, quando o coordenador pediu pra você escolher um número, eu tinha certeza que você falaria o meu.
– Ah, é? Que número era o seu?
– Sessenta e nove...