São gente comum, gente ordeira, trabalhadora... Doze ao todo, seis homens e seis mulheres. Dedicam-se às profissões mais diferentes, à enfermagem, aos negócios, à música, á educação, assistência social e dois são professores aposentados.

A odisseia judicial destes doze cidadãos começou em 2005, num tribunal distrital de Des Moines, a capital do estado de Iowa. Queixavam-se os seis casais de que lhes tinha sido negado o direito de casar.  O Conservador do Registo Civil do município de Polk (Registrar of Polk County) admitiu ter negado as respectivas licenças, mas com boas razões... É que, naquela meia dúzia de casais, os noivos queriam casar com os noivos e as noivas com as noivas. E isso, no estado de Iowa, não era legal. Não senhor, dizia o conservador, é expressamente proibido, por lei, que pessoas do mesmo sexo se casem.  O casamento está definido no Código Civil como a união entre um homem e uma mulher.

E estava. O Código Civil de Iowa tinha sido emendado em 1998 com a adição dessas mesmas palavras. Não se podem casar, pronto. Não casam!

O tribunal aceitou o litígio e ouviu, como todo o tribunal que se presa, ambos os lados. Foram dois anos de luta acesa. O Registrar a defender-se que, negando acesso ao casamento aos doze cidadãos, estava simplesmente cumprindo e fazendo cumprir a lei do estado. E os queixosos a argumentar que aquela lei violava os seus direitos civis. Finalmente, em 2007 o tribunal decidiu a favor dos queixosos.

Mas o caso não ficou por aí.

O executivo apelou para o Supremo Tribunal do Estado e foram mais dois anos de litígio até que o Supremo decidiu, por unanimidade, que aqueles doze iowanos (leia-se aiouanos) se podiam casar como muito bem entendessem e constituir famílias com todas as protecções, privilégios e poderes das restantes famílias de Iowa, incluindo o direito de adopção, o poder paternal, direitos de assistência médica, transmissão de bens, etc, etc.

E o bonito estado de Iowa, no coração deste vasto país tornou-se o quarto (depois de Connecticut, Massachusetts e Vermont, salvo erro) a reconhecer a toda a gente o direito de se casar, independentemente do género e da orientação sexual dos nubentes...

Tudo muda neste mundo... Graças a Deus e a corajosos tribunais como o Supremo de Iowa.