Os quatro heróis
Quando eu era criança gostava de ouvir na vitrola da minha avó ( à falta de outros divertimentos eletrônicos e digitais que encantam a garotada de hoje) discos de histórias infantis. Eram compactos de vinil coloridos e entre eles destaco a historinha dos quatro amigos músicos de Bremen. A historieta narrava a saga de quatro animais que já estavam emprestáveis para o trabalho e cujos donos pretendiam matá-los. O burro foi o primeiro a fugir da fazenda em que vivia ao ouvir de seu proprietário a notícia que o MST iria invadir o local e ele, por não poder arar nem ir à feira, viraria carne de jabá. Na fuga ele encontra um cachorro policial rabugento e decrépito na beira da estrada e propõe a formação de uma dupla sertaneja: -renderá um dinheirão! diz ele ao cão. E pede que o cachorro sarnento suba às suas costas que ele dará o maior apoio à sua causa. Depois os dois encontram um gato nativo, desolado e meio doidão, à beira do caminho, mascando umas folhinhas de erva-de-gato ( dizia ele que pra poder eliminar umas bolas de pelo de lhama do seu estômago, mas que na verdade o fazia eliminar muitos gases pútridos). Depois de acertado o trio, o gato pula nas costas do cão e todos partem em busca de aventuras. Lá pras tantas encontram um velho, magro e despenado galo ( ou era um pingüim, não me lembro mais!), que se achava um cantor de tangos mas nem o cu-cu-ru-cu-cu de La Paloma conseguia mais cantar. No final, encontravam uma casa com uma quadrilha de ladrões que dividiam o espólio de muitos assalto. Na escuridão da noite, negra como petróleo, eles atacam o bando que, surpresos, fogem e deixam a fortuna para que eles dividam entre si. No outro dia, em passeata na cidade os quatro heróis, agora ricos e famosos, são recebidos com honras de Estado e...foram felizes para sempre! Não sei se estou ficando velho e emprestável também, mas acho que ultimamente a história anda imitando a estória.