ORGULHO DE SER PARANÁ
No início da década de setenta, isso no século passado, era comum alguém do interior do Estado falar em vir tentar a vida em Curitiba. São Paulo sempre influenciara nosso jeito de ver as coisas, e de torcer pelos times de lá. Só que a maioria das pessoas criadas no fértil solo norte paranaense não pensava tentar a vida em São Paulo. Só continuavam na torcida. O negócio era falar da capital. O sul do estado despertava muita imaginação em nossas mentes. Principalmente quando falávamos que era um lugar muito frio e muito limpo. Para nós acostumados ao calor e amassar o barro vermelho, termos as mãos e os pés cheios de cráca, falar dum lugar onde a terra não sujava nem a roupa aumentava em muito nossa curiosidade. As notícias àquela época corriam na velocidade dos caminhões que transportavam a produção em direção ao Porto de Paranaguá. Vez ou outra vinha uma mudança e a familiarada em cima dum daqueles caminhões a tentar vida melhor na capital do Paraná. Aqui chegando, a maioria foi morar num município da região metropolitana. Éramos capazes de jurar que morávamos em Curitiba aos parentes que lá ficavam. Adorávamos aquele jeito de falar, “leite quente da dor de dente”, talvez mais que os próprios moradores daqui. Falávamos vantagens de nossa terra que ficara para trás e sempre citávamos que a terra preta dos banhados daqui era podre e não servia pra nada. Tínhamos que nos gabar de algo, pois a vida no norte do Estado há muito não despertava a esperança do que foi um dia o Eldorado Paranaense, que fez brotar em seu solo fértil e generoso o orgulho de ser oriundo da terra de todas as gentes. Para aqueles que como eu, queríamos participar da vida curitibana, achamos um jeito de torcer por um time da capital. O escolhido foi o Pinheiros. Motivos não faltavam. Era o time que melhor simbolizava o nome do meu Paraná. Estado querido que me deu abrigo que me viu nascer. Nunca importou se o Pinheiros tinha uma pequena ou grande torcida. Só importava o meu amor por ele. Mais tarde pra minha felicidade, nosso azul se somou ao vermelho do Colorado, e meu Pinheiros virou Paraná. Num toque de mágica tornamos uma grande torcida. Estava completo meu amor pelo Paraná. Agora torcendo pelo meu Estado de coração até no nome. Era muita emoção e ainda podendo usar a vistosa camisa metade vermelha, metade azul. Hoje quando vagueio pela região curitibana e no seu entorno metropolitano, vejo como mudou a cara destas cidades, e de seus torcedores. E ao relembrar o comportamento generoso deste povo, noto que nós reinventamos a cara deste lugar, ao transportamos do norte do estado para cá nosso jeito de falá, de imitá, e de tudo apelidá. Até quando bate aquela dorzinha no peito só de lembrá que no fundo no fundo nós só queríamos reinventá um lugá onde pudesse de novo sonhá que a vida um dia pudesse melhorá, e que pudesse orgulhá nossa gente. Porque nosso time de coração é o Paraná.