O ALVO
O ALVO
Lembro-me de uma estória que contou um poeta:
“Um homem passou nadando com largas e firmes braçadas em busca da praia. Estava cansado e arfante, mas prosseguiu.
Admirei, nele, a força de vontade e o empenho de vencer. Apoiei-o com meu silêncio e torcia, mudamente, por sua vitória. Mas, de repente ele, desistiu de ir até ao areal branco da terra e mudou o rumo em direção a uma pedra negra. Desapontei-me um pouco. Quando ele estava para chegar à rocha, vi que seus braços vacilavam e sua cabeça tremia. Alguns instantes depois seu corpo boiava sem vida na corrente escura.
De minha janela, eu, que vira o desespero de seus instantes finais, eu, que vira o esforço inútil daquele homem a quem não conhecia, murmurei, com os lábios convictos e entristecidos pela trágica certeza: ELE NUNCA DEVERIA TER SAÍDO DE SUA PRAIA.”
Essa frase ficou em meu coração: “Ele nunca deveria ter saído de sua praia.”
Quantas e quantas vezes sofremos porque nos deixamos dominar por sonhos e idealizações. Marchamos, em busca do alvo, sem o preparo necessário. Quando, no meio da viagem, o cansaço toma nossos braços trêmulos, começamos a buscar rochas de salvação. Rochas em meio aos oceanos da vida. Rochas corroídas pelas maresias da vivência. Rochas que se fizeram fortes porque ondas as assaltaram na triste madrugada e tempestades as fortaleceram. Mas são rochas que desviam nossos rumos do areal branco.Que tiram nossos braços dos objetivos, que nos levam a alcançar o areal branco da terra.
E quando, perdidos em nossos embaraços, afogados em nossas angústias, esbarrando em nossos escombros, boiamos, sem vida, na corrente escura da vida, descobrimos que: “Nunca deveríamos ter saído da nossa praia.”Por isso ,ao sairmos para uma batalha, devemos planejar. As armas usadas em nossa mílicia são poderosas , nos dará a certeza de alcançarmos o areal branco da praia.A vitória por nós tão almejada.Desta forma o sonho será a realidade conquistada.O alvo desejado.
HELIANA MARA SOARES (DEPOIS DO SILENCIO)-LIVRO DE POEMAS.