Doces doçuras

Nas festinhas da minha infância, além do bolo do aniversariante havia sobre a mesa enorme quantidade de docinhos. Pequeninos, artesanais, cada um na sua forminha, assentado em papel de rendinha.

Beijinhos de coco ralado, bem-casados bem grudados, cajuzinhos. E também bombocados amarelados, pés-de-moleque moreninhos, cocadas cheias de fitas. Eu achava tudo lindo e meus dedinhos iam catando, já imaginando o gosto daquela doçura infinita.

Ao leva-los à boca, porém, que decepção! Não conseguia sentir o mesmo prazer estampado no revirar dos olhos da criançada. Mordia um, que nada, queria jogar fora, mas não dava. Levava pra mamãe. Deliciava-me apenas com o açúcar e as nozes do camafeu.

E no meio de toda aquela belezura, tinha um que eu achava medonho, repelente. Preto, com uma bola amarela ao centro. Parecia coisa viva, ali, de olho na gente.

Contaram que a parte amarela era doce de ovos e a preta, nada mais que ameixa seca. Olho de sogra, que naquela minha doce ingenuidade, ainda não queria dizer nada...