MARCAS QUE NÃO ME MARCAM
O carinha olhou a minha camiseta e gostou. Empolgado, ele quis saber mais.
- Bah, que massa tua camiseta. Qual é a marca?
- Nem sei se tem marca. Mas acho que comprei ou na Renner, em Santa Maria ou na Pompéia, em Santiago. Custou uns 20 pilas.
Ao saber que minha camiseta não tinha griffe e nem pedigree, ele lançou um olhar mais atento. Talvez, tenha até enxergado defeitos que não havia percebido ao primeiro olhar, quando tinha achado "massa" a camiseta. Em seguida, assinalou.
- Ah, não. Eu só uso camiseta de marca. E calça. E tênis. E te digo: as gurias cuidam muito isso...
E aí, vou dizer o que para o sujeito? Que não dou a mínima para marca nenhuma? Que meu desdém por griffes nunca conseguiu ser vencida por moda alguma? Ou talvez eu devesse lhe contar que, quando era criança, as roupas mais legais que eu tinha eram as que ganhava e que tinham pertencido ao filho mais crescido de alguma vizinha? E que essas mesmas roupas depois seriam herdadas por outro amigo menor, como o Chico. Ou que muitas vezes ia para o colégio com o tênis furado? Então, hoje em dia poder comprar qualquer coisa vestível já é o bastante para mim. Com relação a roupa, compro a primeira coisa que eu goste e que se encaixe com o que eu tenha no bolso. Porque acho que, em verdade, a sociedade se preocupa tanto com marcas e conceitos que assume a personalidade daquilo que veste. E aí, vemos jovens assumindo uma estilo Forum, uma postura Levi's, um jeito de ser Iodice (*).
- Então, estou ferrado, né? Ninguém vai olhar para mim...
- Mas se olharem, só não conta o preço que custou tua camiseta.
Disse ele brincando comigo. Só que não era brincadeira.
(*) Agradeço a minha querida amiga Alessandra Souza por ter me informado o nome de algumas marcas de roupas masculinas para esse texto. Nem isso eu sabia...