UMA DECISÃO DE CORAGEM
O fato ocorrido recentemente com o jogador de futebol Adriano “O Imperador” (sic) está levando o país a acaloradas discussões de todos os tipos, envolvendo comentaristas esportivos, psicólogos, psiquiatras, jogadores e ex-jogadores, técnicos e ex-técnicos e mais um mundo de gente que, por um espaço ― por menor que seja ― na mídia,faz de tudo para aparecer. E ouçam-se as “opiniões” mais idiotas possíveis de pessoas que pretendem demonstrar pleno conhecimento de causa, além de praticarem abomináveis julgamentos, mesmo estando longe do problema.
Parto do pressuposto de que todos já saibam o que aconteceu com o jogador. Ele veio ao Brasil, jogou pela seleção brasileira e depois do jogo... simplesmente sumiu. Não retornou à Itália, onde tem contrato com um importante clube, e ficou desaparecido por três dias. Iniciaram-se as especulações com aquele sensacionalismo aguçado de sempre, do qual a nossa “mídia” é tão especialista. Chegaram a falar que Adriano poderia ter sido assassinado, sequestrado e outras bobagens assustadoras.
De repente, não mais do que de repente, surge o “Imperador”, sorridente, dando entrevista coletiva para um mundaréu de jornalistas e fotógrafos que devem até se sentir meio imbecis no meio disso tudo. Honestamente não sei como há profissional que se sujeita a certos tipos de atividades dentro da profissão. Já perceberam o tipo de pergunta que repórter de campo costuma fazer aos “atletas da bola?” É de doer. E lá das cabines (principalmente de um canal pago especializado em “sportv”), os narradores ainda têm o descaramento de dizer: “Belíssimo trabalho de Fulano de Tal”.
Voltemos a Adriano. O que ele falou na entrevista coletiva? O fato mais significativo foi de que não estava se sentindo feliz naquilo que mais gosta de fazer ― jogar futebol ―, e que tinha chegado a hora de “dar um tempo” para ficar junto da família e dos amigos. No que ele tem todo o direito.
Adriano é nascido e criado na favela carioca de Vila Cruzeiro, no complexo da Penha, lugar altamente perigoso e reduto de traficantes, onde nem as equipes de reportagem tiveram a coragem de entrar para realizar uma matéria. Ressalte-se que, como ele mesmo disse, nascer, conhecer e conviver com traficantes não significa que seja um deles. Acumulou fortuna com o futebol, mas não estava feliz.
A vida na Europa não é nada parecida com a vida no Brasil. Nem na Itália, considerado um “país latino”. Enquanto por aqui a bagunça é generalizada, onde cada um faz o que quer e quando quer, lá não é bem assim. Mesmo conhecendo-se o ditado napolitano que diz que “A necessidade mata a lei” (que poderia ser o nosso “A ocasião faz o ladrão”), ainda existe um mínimo de respeito pelas próprias leis, contratos e afins. O cumprimento de horários, a pontualidade e a seriedade com que os fatos são encarados não é pra qualquer brasileiro que simplesmente chegue por lá em busca de uma independência financeira, como os jogadores de futebol, por exemplo.
Mas não tenho como objetivo aqui criticar e muito menos julgar Adriano. Longe disso. Quem me conhece sabe que jamais promovo o julgamento do que quer que seja. Sejam pessoas ou atitudes. O que pretendo dizer é que entendi na decisão de Adriano de parar de jogar por um tempo ― que nem ele soube dizer quanto ―, o simples fato de que não estava feliz e que chegou o momento para que isso acontecesse. Ele escolheu um caminho: o possível, o suportável, aquilo que em seu atual momento de vida achou melhor para sua alma.
Não vou entrar no mérito se tudo isso é ou não uma armação para conseguir um ótimo contrato com algum clube brasileiro (já se fala no Flamengo). Prefiro achar que não é isso e dizer que o que ele fez foi um ato corajoso, pois abriu mão de um salário médio de US$ 1,5 milhão por mês em troca da felicidade. Apenas e simplesmente isso. Ser feliz. Estou com ele, pois todos temos esse direito divino.
Uma pessoa como ele, com apenas 27 anos de idade, no auge da carreira, com um salário absurdamente alto, tomar a decisão de parar de jogar para ficar no seu país, com seus amigos e sua família, é realmente de espantar. E quantos já pensaram em tomar atitude semelhante e nunca tiveram coragem, seguindo insatisfeitos pela vida afora e remoendo a tristeza com seus próprios e carcomidos botões?
Será que a felicidade tem preço? Será que todo o dinheiro do mundo, assim como os bens materiais trazem a felicidade plena para alguém? O ditado diz que “dinheiro não traz felicidade, mas ajuda”. Pode ajudar, sem dúvida, mas certamente não é o melhor amigo do nosso círculo de relações.
Que o exemplo de Adriano nos ajude a enxergar o nosso próprio horizonte.
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O fato ocorrido recentemente com o jogador de futebol Adriano “O Imperador” (sic) está levando o país a acaloradas discussões de todos os tipos, envolvendo comentaristas esportivos, psicólogos, psiquiatras, jogadores e ex-jogadores, técnicos e ex-técnicos e mais um mundo de gente que, por um espaço ― por menor que seja ― na mídia,faz de tudo para aparecer. E ouçam-se as “opiniões” mais idiotas possíveis de pessoas que pretendem demonstrar pleno conhecimento de causa, além de praticarem abomináveis julgamentos, mesmo estando longe do problema.
Parto do pressuposto de que todos já saibam o que aconteceu com o jogador. Ele veio ao Brasil, jogou pela seleção brasileira e depois do jogo... simplesmente sumiu. Não retornou à Itália, onde tem contrato com um importante clube, e ficou desaparecido por três dias. Iniciaram-se as especulações com aquele sensacionalismo aguçado de sempre, do qual a nossa “mídia” é tão especialista. Chegaram a falar que Adriano poderia ter sido assassinado, sequestrado e outras bobagens assustadoras.
De repente, não mais do que de repente, surge o “Imperador”, sorridente, dando entrevista coletiva para um mundaréu de jornalistas e fotógrafos que devem até se sentir meio imbecis no meio disso tudo. Honestamente não sei como há profissional que se sujeita a certos tipos de atividades dentro da profissão. Já perceberam o tipo de pergunta que repórter de campo costuma fazer aos “atletas da bola?” É de doer. E lá das cabines (principalmente de um canal pago especializado em “sportv”), os narradores ainda têm o descaramento de dizer: “Belíssimo trabalho de Fulano de Tal”.
Voltemos a Adriano. O que ele falou na entrevista coletiva? O fato mais significativo foi de que não estava se sentindo feliz naquilo que mais gosta de fazer ― jogar futebol ―, e que tinha chegado a hora de “dar um tempo” para ficar junto da família e dos amigos. No que ele tem todo o direito.
Adriano é nascido e criado na favela carioca de Vila Cruzeiro, no complexo da Penha, lugar altamente perigoso e reduto de traficantes, onde nem as equipes de reportagem tiveram a coragem de entrar para realizar uma matéria. Ressalte-se que, como ele mesmo disse, nascer, conhecer e conviver com traficantes não significa que seja um deles. Acumulou fortuna com o futebol, mas não estava feliz.
A vida na Europa não é nada parecida com a vida no Brasil. Nem na Itália, considerado um “país latino”. Enquanto por aqui a bagunça é generalizada, onde cada um faz o que quer e quando quer, lá não é bem assim. Mesmo conhecendo-se o ditado napolitano que diz que “A necessidade mata a lei” (que poderia ser o nosso “A ocasião faz o ladrão”), ainda existe um mínimo de respeito pelas próprias leis, contratos e afins. O cumprimento de horários, a pontualidade e a seriedade com que os fatos são encarados não é pra qualquer brasileiro que simplesmente chegue por lá em busca de uma independência financeira, como os jogadores de futebol, por exemplo.
Mas não tenho como objetivo aqui criticar e muito menos julgar Adriano. Longe disso. Quem me conhece sabe que jamais promovo o julgamento do que quer que seja. Sejam pessoas ou atitudes. O que pretendo dizer é que entendi na decisão de Adriano de parar de jogar por um tempo ― que nem ele soube dizer quanto ―, o simples fato de que não estava feliz e que chegou o momento para que isso acontecesse. Ele escolheu um caminho: o possível, o suportável, aquilo que em seu atual momento de vida achou melhor para sua alma.
Não vou entrar no mérito se tudo isso é ou não uma armação para conseguir um ótimo contrato com algum clube brasileiro (já se fala no Flamengo). Prefiro achar que não é isso e dizer que o que ele fez foi um ato corajoso, pois abriu mão de um salário médio de US$ 1,5 milhão por mês em troca da felicidade. Apenas e simplesmente isso. Ser feliz. Estou com ele, pois todos temos esse direito divino.
Uma pessoa como ele, com apenas 27 anos de idade, no auge da carreira, com um salário absurdamente alto, tomar a decisão de parar de jogar para ficar no seu país, com seus amigos e sua família, é realmente de espantar. E quantos já pensaram em tomar atitude semelhante e nunca tiveram coragem, seguindo insatisfeitos pela vida afora e remoendo a tristeza com seus próprios e carcomidos botões?
Será que a felicidade tem preço? Será que todo o dinheiro do mundo, assim como os bens materiais trazem a felicidade plena para alguém? O ditado diz que “dinheiro não traz felicidade, mas ajuda”. Pode ajudar, sem dúvida, mas certamente não é o melhor amigo do nosso círculo de relações.
Que o exemplo de Adriano nos ajude a enxergar o nosso próprio horizonte.
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