Mudanças
A novela Paraíso escrita por Benedito Rui Barbosa reprisada em 2009 tem seu enredo baseada nos dias atuais tendo como pano de fundo uma pequena cidade do interior do Mato Grosso cercada por fazendas de gado.
Ao assistir alguns capítulos desta novela, fiquei refletindo sobre a atual vida das propriedades rurais. Atualmente nas fazendas tem energia elétrica, minimizando o trabalho braçal e os meios de comunicação como a televisão e o computador que permitem acessar a internet socializam as pessoas que moram longe da civilização uma vez que ensinam, educam e informam o que se passa no país e no mundo. Ninguém vive mais alheio a certos conhecimentos que antes era próprio das pessoas urbanas.
Na fazenda de Sr. Eleutério o ferro de brasa foi substituído pelo ferro elétrico. A Zefa não precisa mais manejar aquele instrumento pesado, cheio de brasa, porque esta invenção do século XVII perdeu seu lugar para o ferro de passar elétrico que é mais leve prático e de bom manuseio. Embora o americano Henry Seely tenha patenteado esta invenção desde 1882, ele chegou primeiro nas cidades, nos lares das pessoas abastadas em virtude do consumo de energia onerar a renda familiar e só agora quando a força da energia elétrica é estendida aos lugares mais longícuos é que o interiorano passou a ter acesso ao ferro elétrico.
A máquina de lavar roupa, também é um eletrodoméstico muito utilizado na propriedade do “Filho do Diabo”. A Zefa sempre está a estender roupas no varal, mas diferentemente do que cheguei a presenciar antigamente em certas propriedades em que as roupas eram “batidas” no rio, exigindo grande esforço das lavadeiras, hoje as máquinas trabalham pelo homem. A vida na propriedade rural mudou!
Por se tratar de fazenda de gado os peões estão sempre montados a cavalos, conduzindo a boiada. O Terêncio é um dos peões do Sr. Eleutério que não só toca a boiada como o berrante também. Ouvi falar que em muitas outras fazendas, as motocicletas substituíram os animais. Ela é mais rápida e mais confortável. Coisa do progresso!
Mais interessante ainda achei, quando descobri que existe um produto para matar mato, evitando o desgaste de energia humana que produz uma capinação, pelo seu trabalho braçal. É o avanço do mundo!
Na fazenda da novela, a comida continua sendo feita no fogão à lenha. Fiquei me perguntando por que o gás não foi ainda introduzindo naquela propriedade, uma vez que estamos percebendo que a modernidade está se apropriando daquele local. Após minha reflexão, cheguei à conclusão que deve fazer parte da culinária interiorana, utilizar este tipo de fogão e lembrei que li não me lembro onde que certos pratos nordestinos e mineiros mesmo na cidade são feitos nos restaurantes, no fogão de lenha, para assegurar um sabor especial.
A vida na fazenda mudou. Já me contaram que não se planta mais com a enxada e não se colhe mais manualmente. Hoje apenas o homem manobra a colheitadeira, a roçadeira, o arado, o trator, a balança digital e outras máquinas necessárias para a produção de cereais, de sementes, legumes, hortaliças e cereais. Os equipamentos utilizados na lavoura nos tempos modernos são digitais, climatizados e confortáveis. Quem diria?
Antes de este progresso adentrar na zona rural muita gente não queria trocar a vida da cidade pelo interior. Mas agora diante de tanta modernidade eu acho que é preciso se por na balança a vida urbana e a vida rural para ver quem pesa mais. Tudo tem os prós e os contras, se na cidade tem badaladas, shoppings e outros lazares, na fazenda tem o ar puro, o silêncio e uma natureza inteira e linda a beijar nossos pés.