UM DOMINGO DE CHUVA
Quero
Um amor de domingo
Que ainda me queira
Na segunda-feira
E a semana inteira
[Ivon Cury]
Hoje choveu muito por aqui. Acordei com o barulho forte da água caindo. Espreguicei-me, virei-me, para o lado oposto que estava, e tentei dormir novamente. Adoro dormir ouvindo a chuva. Estava frio, não arrisquei sair para tomar um banho matinal naquela chuva forte. Ouvi trovões. Manhã perfeita. Cama quentinha, chuva lá fora, trovões. Minto: quase perfeita. Faltava você. Deveria ter chegado, olhei a hora. Tentei não pensar em nada. Mas você é teimoso. Aninhou-se por baixo dos cobertores de minhas lembranças e ficou, ali, sorrindo, sussurrando em meus ouvidos os nossos segredos de outras chuvas...
Fingi não ouvir. Fechei os olhos. Não adiantou. Você me conhece, sabe tudo de mim, conhece todos os meus pensamentos. Todas as lembranças. Sabe onde guardo cada uma delas. Com olhos de “eu sei o que você está pensando”, foi lá e trouxe a lembrança mais gostosa. Aquela que arranca de mim os suspiros mais puros, os sons mais harmônicos. Aconcheguei-me a você e deixe-me conduzir por seu carinho. Sabia que daqui a pouco você não seria apenas uma lembrança, estaria ali, deitado ao meu lado. Desenhando novas lembranças. Sorri. Adormeci.
Acordei com seu beijo. Com a certeza que a saudade sempre será apenas o intervalo onde plantamos a certeza do reencontro, a felicidade de saber que um é para o outro o desejo de voltar, a magia de um querer que não se esgota, um amar sempre mais e melhor. A chuva continuou nos brindando com sua melodia. Meus olhos leram nos seus todos os versos de amor que sua alma escreve para mim. E porque é domingo eu te amei intensamente, por todas as segundas, (...) e sábados que você esteve e estará ausente.