FRIO SIM, CALCULISTA NÃO!!!

Todas as situações de nossas vidas se dividem em dois grupos: a dos que antecedem às surpresas e a dos que são surpreendidos. No primeiro estão aqueles de mentes frias e calculistas, os ditos doutores que apregoam suas fórmulas infalíveis – são capazes de calcular o tamanho de uma escada para subir no telhado de sua casa, mas incapazes, de estando sobre ela, preverem se algum cavalo topará com ela e o fará cair com a cara no chão. Exemplo notório e popular desse grupo é o macabro Adolf Hitler, que tinha uma mente extremamente calculista – uma espécie de cientista que usava milhões de judeus, ciganos e até o próprio povo alemão para provar a doentia idéia de superioridade da raça ariana. O dito Führer era tão frio e calculista que antecedia às surpresas com um condicionamento mental de fazer inveja a muitos Bin Ladens. Imagine que nem 12 horas antes de sua derrota final perdeu o controle e partiu para o desespero – foi capaz de desposar sua companheira Eva Braum, distribuir champanhe francês para todos os oficiais, que passaram toda a madrugada se esbaldando em uma febre erótica de fazer as orgias romanas parecerem brincadeira de criança. Só quando os tanques soviéticos estavam há 1 km do seu bunker é que envenenou sua Eva e em seguida atirou na própria têmpora direita. Para todo frio e calculista só restam dois destinos: uma bala na cabeça ou a infelicidade de todos os dias.
 
Conheçamos agora os intuitivos e surpreendidos personagens do segundo grupo – eles se arriscam a prever o tamanho da escada e quando erram são capazes de ser criativos improvisando uma emenda. Mais... por acreditarem que toda certeza é passageira e por isso mesmo evolui pelas leis das descobertas, olham para o céu em busca do telhado, mas observam com perspicácia o chão em que se apóia a escada, deste modo conseguem ver a trajetória do cavalo – em caso de uma cabeçada quadrúpede, como bons equilibristas conseguem se agarrar num caco de telha. Eis aqui Sir Winston Churchill, primeiro ministro inglês para quem na história do séc. XX nem um outro chefe de estado poderia rivalizar em estatura. De reconhecido gênio militar intuitivo, seus colaboradores sofriam com sua facilidade em abandonar a estratégia fria e calculada já estabelecida em prol do improviso. Seus adversários frios e calculistas creditavam suas inúmeras vitórias à sua sorte. Que sorte... que nada! Ele era apenas um homem que sabia ser frio (calculista não) nas adversidades, o suficiente para deixar vir à tona o terceiro olho, porta de entrada da inteligência da alma.
 
Outra grande e cômica situação que ajuda a evidenciar o quanto devemos estar munidos desta inteligência, que responde ás surpresas sem que antes tenha calculado o perigo que ela representa, aconteceu na corte do Rei francês Luiz XVI, o grande Rei Aranha. Conta-se que Luiz assustado com um famoso astrólogo da corte resolveu matá-lo. O rei mandou chamá-lo até o alto do castelo e combinou com os seus criados para jogá-lo pela janela, a quase cem metros de altura. Ao receber o astrólogo no topo do castelo, o rei quis indagá-lo e perguntou: “Você diz conhecer astrologia e o destino das pessoas, então me diga qual será o seu destino e quanto tempo viverá”. O astrólogo respirou fundo, olhou enigmático para o rei e respondeu: “morrerei três dias antes de Vossa Majestade”. A partir daquele instante, Luiz XVI não só cancelou suas ordens como protegeu o astuto astrólogo por toda sua vida, enchendo-lhe de presentes e tratando-o como o seu tutor. Quantos de nós seríamos tão intuitivos a ponto de chutar a morte com uma piada?
 
 Os homens do primeiro grupo teriam respondido: “Não podemos responder o que não nos ensinaram”. E quem disse que o essencial se ensina? O essencial é intuitivo, um aprendizado sem mestres – mestres que respondem às surpresas com a frieza de um orvalho que ao tocar a flor, desperta-a para os primeiros raios de sol, prontos a convencê-la de sua capacidade de perfumar o ar tão impregnado de odores terríveis.
 
A que grupo você pertence? A nenhum dos dois? Então com certeza você faz parte da famosa maioria que anda em cima dos muros - como os chacais que não escolhem lado, vivem em surdina esperando os leões abaterem sua presa, contentam-se com a sua carniça ou quando muito se esforçam, vagueiam pela cidade atrás de latas de lixo. Saiba amigo, que pior do que ser um Hitler é não saber quem você é – entender isso é descobrir que toda vitória ou derrota advém de uma escolha. Faça de Você, o Grande, como Alexandre da Macedônia, que mesmo em desvantagem frente a vários adversários, vencia-os por fazer a escolha certa – mirava-os com frieza e intuição, foi assim que venceu o frio e calculista Dario.

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