Quem sou?

Com certeza esta é uma das questões filosóficas e morais das quais mais penetram à mente e alma do homem. E de certo, uma das questões mais feitas quando se trata a respeito de entrevistas de emprego e pessoas apaixonadas – Tanto mulheres quanto homens. De fato às vezes me pego fazendo esta mesma pergunta de mim, para mim mesmo, como se perscrutasse algo de maior do que fato de sou. Afinal, como a boa amiga leitora, ou mesmo porventura, o bom amigo leitor, sou alma, somos alma; repleta de luz e amor dados por Deus, sentimentos os quais ainda não descobri por inteiro e cujos tenho certeza, pouquíssimos neste planeta já penetraram por inteiro.

Não digo que ninguém não o chegou – Seria uma blasfêmia –

apenas que eu ainda não.

Mas enfim, a historia não é essa, deixemo-na para futuros pensamentos herméticos; fico cá comigo imaginando-me numa entrevista de emprego, mantendo o semblante serio, porem não muito, frisando a face da dita entrevistadora, a qual também aparentemente não quer demonstrar nenhum tipo de sentimento, como se seu rosto jamais transparecesse nada, alegria ou mesmo ódio.

E com os olhos focados em mim, pergunta-me secamente, tendo o intuito de tentar esconder a sua vontade de se declarar perdidamente apaixonada – Santo sonho! – ou sem sucesso esconder a sua indizível beleza, Então quem é você? E eu com fisionomia calma, de fato parcimoniosa, as sobrancelhas retas, digo que sou uma alma.

Pura e simplesmente alma. Com certeza a situação é de pura comedia, e nem vou me atentar no contar de que ela riria à gargalhadas altíssimas. Ou ainda a outra historia, de uma jovem e apaixonada mulher, a qual perto do casamento, pressionada pelos pais – Ou amigas, vai se saber... – acaba questionando o noivo rispidamente e de olhar fraterno – Se isso for possível.

-Afinal, quem é você?

Ele seguindo-me – Caso eu isso faça em entrevistas... – diria que, Eu sou eu, e você é você, um para a futura ex-noiva, eu para entrevistadora com feição de estátua.

Ambas então com o pensamento fortuitamente uníssono, diriam para si-mesmas, Não é este quem procuro; próximo, por favor.

Em certas ocasiões, não perguntamos a questão qual queremos saber na realidade.

E isso se repete até para nós mesmos. A entrevistadora deveria perguntar a todos os possíveis empregados, Você tem o perfil que a nossa empresa busca? E até mesmo a noiva – Noiva, em pleno século XX? – deveria repetir a pergunta crítica pela ultima vez, mas sim para si-mesma.

-Eu o amo, ou não?

De certo, a pergunta mais profunda desta e de outras eras continua sendo esta mesma, limpa, singela e atual, tanto em primeira, quanto em segunda pessoa:

-Quem é você? Tenho certeza que o ótimo comediante, a partir da sua personagem Tiririca, sabia disso quando perguntava ao outro ator, às gargalhadas.

-Quem é você?

Disso, não tenho duvida.

-E então, quem é você?