Medo e Recomeço
Alguns anos se passaram desde a última vez em que sentei para escrever o que vinha em mente. Desde então, tenho me dedicado ao romance e à ficção.
E eu tenho medo que a poesia e a auto-reflexão tenham morrido dentro de mim...
Voltando a ler textos de minha autoria, de alguns anos atrás, eu percebo o quanto eu pensava e o quanto eu escrevia sobre o que pensava. O quanto pensava sobre mim, o quanto entrava no meu mundo não somente para tirar pedaços de mim e molda-los em personagens para minhas ficções, mas sim para conhecer-me num todo.
E então me deparo com um recanto escondido no mundo virtual; um recanto que eu não conhecia. Um lugar para colocar essas idéias e esses pensamentos, para dividi-los, até.
E essa idéia maluca me surge. “Porque não tentar reviver isso que acha que perdeu, Lucas?”. De que adianta termos idéias malucas se não as colocamos em prática? Então voilá; cá estou.
O nome é perfeito: Escrivaninha.
A minha está toda bagunçada, cheia de coisas que realmente não me trazem, agora, nenhum bem. Tralhas empoeiradas que foram cobrindo meu eulírico, afogando-o.
Ali, no canto, vislumbro seu braço. Ele, até hoje, clama por ajuda. Como não o ouvi chamar-me, antes?
É provável que eu tenha ouvido, mas tenha, também, ignorado.
Dessa forma, vou reviver um de meus textos antigos, perdido e encontrado em alguma partição desse computador. Vou chutar os entulhos pra fora da mesa, assoprar a poeira, e puxar dali um único texto. Um texto que fala de um rapaz de quinze anos, que pensava que pensava que pensava (e nossa, isso pode se estender por tanto tempo)...
Olhando nos olhos desse adolescente, os mesmos olhos que hoje carrego, pretendo enxergar a falta de experiência, mas a abrangência de esperança, que ele tanto carregava. Quem sabe essa esperança, essa clareza em ver as coisas simples da vida, em senti-las, junto à experiência que quatro anos angariaram, não revivem meu lado poético e pensativo.
Eu, realmente, espero que o façam.
(Por favor, leitores, ignorem os erros e a falta de acentuação. Como eu disse, ao rapaz de quinze anos faltava experiência e, talvez, algum senso gramatical. Mas, se eu o perdoei, vocês talvez também o possam fazer).
"02/06/05 - 17h:49m
Eu nao sou um santo, eu nao sou um prodígio, eu nao sou um aluno exemplar, eu sou só alguém que caminha sobre o mundo como todos os outros, eu nao sou o amor de sua vida, eu nao sou àquele que vai te trazer a felicidade eterna, eu sou só mais um completo de defeitos e com poucas qualidades consideraveis... Eu nao sou eu, eu nao sou ninguém... Sombra das sombras das sombras das coisas, sou àquele que precisa pagar 7 vezes àquilo que fez, sou àquele que tem que penitenciar, que tem que ajoelhar e gritar por perdão, sou àquele que perdoa... Sou àquele que mente, sou àquele que esconde, sou àquele que chora e sou àquele que sorri... Sou àquele que vive fantasias, sou àquele que fantasia vocês, sou àquele que está corrompido, sou àquele que nao quer corromper vocês... Sou um só, só... Sou e me sinto só... Por que então fantasias nao podem virar realidade? Por que razão? Por que nao podemos viver felizes com aquilo que queremos, por que não?...
Por que tudo é tão dificil? Talvez seja porque precisamos disso... Uma prova, testes... Por que não? Obstáculos pra felicidade... É claro que virão atrapalhar, é claro que virão... Pensamentos, discórdia em minha própria mente... O meu outro eu diz que é tudo fantasia, e eu nao quero acreditar... Um dia vai virar realidade, um dia vou buscar... Ele diz que preciso da realidade, eu quero acreditar na fantasia... Ele diz que nao posso me apegar, eu retruco, já estou apegado... Ele diz que isso tudo nao é meu, eu choro, pq sei disso... Ele tem razão, mas é cedo demais pra acabar... Ele tem razão, mas a raposa tem de continuar... Ele tem razão, mas até a paixão terminar... Ele disse que quando quiser acordar é só chama-lo... Será que um dia vou querer?...
Por Luks Thinker"