Pequenos Gestos, Grandes Cortesias
Entrei na loja precisando urgentemente comprar uma impressora. A minha entrou em colapso em plena Sexta-Feira Santa, sendo que minhas filhas precisavam apresentar um trabalho na próxima segunda.
As coisas parecem sempre nos pressionar no pior momento possível. Tentei de todos os modos fazer a impressora antiga funcionar, mas não havia Cristo que desse jeito. Inverti cabos, apertei o botão, troquei de tomadas, testei outro estabilizador e...nada.
- Meu trabalho, pai, é para segunda!
Tinha uma série de projetos para o sábado pela manhã e a assistência técnica na qual confio a anos, não me negaria um reparo de emergência no sábado pela manhã. Fui dormir planejando ligar para o sujeito logo cedo e implorar para que ou consertasse o aparelho, ou me arranjasse um quebra-galho.
Acordei antes das oito, tomei o café e fiquei esperando pelas oito badaladas. Enquanto isso, abri minha caixa de emails e li as notícias do dia, chamando-me a atenção a greve de fome de Evo Morales em defesa de caprichos políticos. Esperei que passasse uns 15 minutos e disquei. A operadora informou que o número discado mudara e fornecia o novo telefone. Corri desesperadamente em busca de uma caneta. A voz repetiu o número. Disquei o novo número e uma outra voz, agora feminina, informou que o número não existe.
- Será que a mula aqui anotou errado?
Disquei o número antigo de novo e a voz (masculina), confirmou que mudara e que o número era aquele mesmo. Disquei e a voz (feminina) negou tudo: este número não existe. Busquei o cartão da assistência e vi que havia também um celular. Disquei e caí na caixa de mensagens. Sendo um sujeito insistente - o que pode ser encarado como qualidade, vício ou defeito, conforme a oportunidade – peguei a impressora, coloquei no carro e, como devia também procurar a fita do filme ¨Gladiador¨, para que minha outra filhas fizesse um trabalho escolar, resolvi passar diante da assistência técnica e conferir. Afinal, o telefone poderia ter mudado e o sujeito, sem ter o que fazer em pleno sábado atropelado pelo feriado, tenha resolvido trabalhar em prol de clientes desesperados como eu.
A assistência técnica estava fechada, mas achei o filme ¨Gladiador¨ em uma locadora próxima. Ressalte-se que na locadora que frequento, e na maior da cidade, não consegui o mesmo.
- O filme é antigo, disseram, talvez o senhor ache em uma locadora menor... – dito e feito.
Restava agora a opção de comprar uma impressora ou de apelar para a de parentes. Parei o carro diante de uma loja de eletrodomésticos e quase tive que implorar para que uma vendedora mal-humorada (lembre-se que é um feriado que muita gente enforcou, sendo que ela devia estar trabalhando na marra) me mostrasse as opções de impressora. Certamente, descobri, não era dia de liquidação, além da falta de entusiasmo da moça ter sido um empurrão para ir a outra loja.
Caminhei duzentos metros e um rapaz prestativo e simpático me mostrou as opções. Resolvi abrir o meu coração e contei-lhe a minha história. Foi a melhor coisa que fiz, ele resolveu apresentar uma impressora nova, mas na ponta de estoque (leia-se: a última) que se encontrava à venda a um preço camarada, simplesmente por falta de um cabo USB. O rapaz era mesmo humano, perguntou se eu testara os cabos e tomadas. Note-se que não foi um vendedor típico, querendo apenas desovar uma última peça, ele buscou solucionar o meu problema, mesmo que lhe custasse uma venda. E é esse o ponto da crônica: falta humanidade à maioria dos vendedores e nenhum treinamento pode munir a pessoa dessa qualidade, ou você tem, ou não tem. Para fim de conversa, verifiquei que o cabo era compatível e carreguei minha impressora nova (apesar das pequenas escoriações). A marca era de primeira e possuía todas as garantias. No entanto, a atenção daquele jovem novamente me devolveu a esperança na humanidade. Pequenas gentilezas e cortesias podem fazer grande diferença. Enquanto isso, na Bolívia, Morales continua em greve por mais poder...
Entrei na loja precisando urgentemente comprar uma impressora. A minha entrou em colapso em plena Sexta-Feira Santa, sendo que minhas filhas precisavam apresentar um trabalho na próxima segunda.
As coisas parecem sempre nos pressionar no pior momento possível. Tentei de todos os modos fazer a impressora antiga funcionar, mas não havia Cristo que desse jeito. Inverti cabos, apertei o botão, troquei de tomadas, testei outro estabilizador e...nada.
- Meu trabalho, pai, é para segunda!
Tinha uma série de projetos para o sábado pela manhã e a assistência técnica na qual confio a anos, não me negaria um reparo de emergência no sábado pela manhã. Fui dormir planejando ligar para o sujeito logo cedo e implorar para que ou consertasse o aparelho, ou me arranjasse um quebra-galho.
Acordei antes das oito, tomei o café e fiquei esperando pelas oito badaladas. Enquanto isso, abri minha caixa de emails e li as notícias do dia, chamando-me a atenção a greve de fome de Evo Morales em defesa de caprichos políticos. Esperei que passasse uns 15 minutos e disquei. A operadora informou que o número discado mudara e fornecia o novo telefone. Corri desesperadamente em busca de uma caneta. A voz repetiu o número. Disquei o novo número e uma outra voz, agora feminina, informou que o número não existe.
- Será que a mula aqui anotou errado?
Disquei o número antigo de novo e a voz (masculina), confirmou que mudara e que o número era aquele mesmo. Disquei e a voz (feminina) negou tudo: este número não existe. Busquei o cartão da assistência e vi que havia também um celular. Disquei e caí na caixa de mensagens. Sendo um sujeito insistente - o que pode ser encarado como qualidade, vício ou defeito, conforme a oportunidade – peguei a impressora, coloquei no carro e, como devia também procurar a fita do filme ¨Gladiador¨, para que minha outra filhas fizesse um trabalho escolar, resolvi passar diante da assistência técnica e conferir. Afinal, o telefone poderia ter mudado e o sujeito, sem ter o que fazer em pleno sábado atropelado pelo feriado, tenha resolvido trabalhar em prol de clientes desesperados como eu.
A assistência técnica estava fechada, mas achei o filme ¨Gladiador¨ em uma locadora próxima. Ressalte-se que na locadora que frequento, e na maior da cidade, não consegui o mesmo.
- O filme é antigo, disseram, talvez o senhor ache em uma locadora menor... – dito e feito.
Restava agora a opção de comprar uma impressora ou de apelar para a de parentes. Parei o carro diante de uma loja de eletrodomésticos e quase tive que implorar para que uma vendedora mal-humorada (lembre-se que é um feriado que muita gente enforcou, sendo que ela devia estar trabalhando na marra) me mostrasse as opções de impressora. Certamente, descobri, não era dia de liquidação, além da falta de entusiasmo da moça ter sido um empurrão para ir a outra loja.
Caminhei duzentos metros e um rapaz prestativo e simpático me mostrou as opções. Resolvi abrir o meu coração e contei-lhe a minha história. Foi a melhor coisa que fiz, ele resolveu apresentar uma impressora nova, mas na ponta de estoque (leia-se: a última) que se encontrava à venda a um preço camarada, simplesmente por falta de um cabo USB. O rapaz era mesmo humano, perguntou se eu testara os cabos e tomadas. Note-se que não foi um vendedor típico, querendo apenas desovar uma última peça, ele buscou solucionar o meu problema, mesmo que lhe custasse uma venda. E é esse o ponto da crônica: falta humanidade à maioria dos vendedores e nenhum treinamento pode munir a pessoa dessa qualidade, ou você tem, ou não tem. Para fim de conversa, verifiquei que o cabo era compatível e carreguei minha impressora nova (apesar das pequenas escoriações). A marca era de primeira e possuía todas as garantias. No entanto, a atenção daquele jovem novamente me devolveu a esperança na humanidade. Pequenas gentilezas e cortesias podem fazer grande diferença. Enquanto isso, na Bolívia, Morales continua em greve por mais poder...