SHANCHITO II
Dia 07 de abril do mês e ano em curso, terça-feira, por volta das 12:00 horas em Viana-ES, onde trabalho como Fiscal de Rendas mal remunerado, estava eu na sorveteria de um primo adotivo, que considero mais que um irmão, quando de repente um pequeno coleirinho ainda filhote, talvez ainda aprendendo a voar, caiu violentamente no asfalto bem em frente ao local onde eu me encontrava e, um carro quase o matou naquele momento. Corri de encontro ao pequeno pássaro atordoado, apanhando-o em minhas mãos e apertando-o contra o peito, fazendo-o sentir que comigo estaria seguro e que eu iria cuidar bem dele. Fui cercado na ocasião por várias pessoas que queriam ficar com o filhotinho, mas eu respondia simplesmente que ele era meu e que desistissem da idéia. Pude comprovar imediatamente, ser um lindo filhote de coleiro, com o biquinho já começando a amarelar, me dando a certeza de que no futuro seria um excelente pássaro cantador, por conhecer desde a minha infância, muito sobre coleiros, caçando-os implacavelmente aqui e acolá como todos os moleques da minha infância um tanto distante.
Dirigi-me a um estabelecimento comercial agrícola em Viana-ES, com o pequeno pássaro na mão, adquirindo ali, gaiola, alimento, vasilhames, capa para a gaiola e tudo que o pequeno pássaro precisaria para ir de Viana-ES a Nova Almeida-Serra-ES, onde resido. A viagem foi tranquila e, assim que o pequeno pássaro chegou na terça feira à tarde no meu lar, por volta de 16:00 horas, foi acolhido com amor por todos os membros da minha família (Creusa, esposa e os filhos Weksley, Welkhya e Wendryk).
Resolvi colocar o nome no pequeno pássaro de SHANCHITO II, por ter possuído anteriormente um coleirinho na minha juventude, cantador como nenhum outro vi igual.
Retornando na quarta-feira à tarde para casa, Wendryk, o meu filho caçula de cinco anos correu ao meu encontro com lágrimas nos olhos, dando-me a triste notícia da morte de SHANCHITO II. O pequeno pássaro estava morto em uma pequena embalagem plástica, aguardando para ser enterrado, cujo enterro deveria ser feito por mim.
Por ter chorado e sentido muito a morte de SHANCHITO II, um vizinho nosso resolveu presentear o Wendryk com um canário, a quem o meu filho dedica um carinho especial.
Na quarta-feira mesmo, à noite, enterrei o SHANCHITO II no quintal da nossa casa, onde ele está descansando em paz.
A minha esposa me disse que observou sangue nas fezes de SHANCHITO II antes dele morrer, como consequencia de ter sido atirado ao chão com violência no dia anterior, no momento em que o apanhei.
Muitas pessoas são como o SHANCHITO II, voando pela última vez, porque as asas estão fracas demais para terminarem com êxito o seu voo. O SHANCHITO II porém não tinha uma arma que nós seres humanos possuímos, a arma da oração, para pedirmos ao Deus Criador para fortalecer sempre as nossas asas, para que não venhamos a cair violentamente no asfalto da existência e, sem o poder de Deus para nos fortalecer, termos voado pela última vez, como um passarinho fraco, sem direção e que voa para a morte, como fez o SHANCHITO II.
A escolha é só nossa.