FRASCO DE PERFUME
Podemos nos comparar aos frascos de perfume. As pessoas são assim em seus relacionamentos.
Aquele frasco que um dia continha o perfume que encantava que inebriava e aguçava os sentidos de alguém. Um perfume que com o passar do tempo foi ficando comum, foi se tornando démodé, já não combinava mais com o gosto da pessoa em quem antes éramos capazes de despertar até os instintos proibidos.
O perfume que contemos continua agradando, mas só é inalado nos momentos de melancolia. No toucador já contém novos frascos, então o frasco antigo, ainda prevalece ali por algum tempo, pelo feitio do frasco que é diferente, meio exótico, que foi adquirido num momento importante ou porque foi encontrado de forma inusitada.
Do toucador o velho frasco passa para uma gaveta fica lá escondido... de vez em quando o dono esbarra com ele ... sorri ... lembra-se com saudades... inala seu perfume e o devolve ao seu cantinho.
As emoções continuam num turbilhão de acontecimentos que o Tempo (inexorável... infalível...) se encarrega de propiciar.
Então chega o dia em que acontece uma grande faxina, tudo é revirado, tirado do lugar porque o velho precisa dar lugar ao novo e a gaveta onde estão os velhos frascos: um com perfume angolano, outro com perfume árabe, mais um lindo frasco com cheiro de roça e aquele velho frasco com cheirinho de vento do sul... uma última olhada...uma última inalada e vão todos para o saco de lixo...
Sim... as faxinas são necessárias, senão as velharias enfeiam os novos ambientes, ainda mais porque sempre se guardam outros frascos.
Wanderlice de Souza Carvalho
14 de setembro de 2008.