A SIMPLICADE DO PRAZER

Quando se fala em prazer, logo se pensa, erradamente, que ele está ligado ao sexo. Que a única relação do prazer é como sexo. O próprio sentido da palavra nos leva a pensar assim. Muitas vezes até evitamos dizer essa palavra, como medo de que estejamos pronunciando algo libidinoso.

Mas a sensação de prazer, não é ativada, propriamente pelo ato em si, que tanto pode ser um ato vital ou paralelo. Tudo tem seu lado científico. Assim, essa sensação que sentimos e que nos deixa mais felizes é causada por uma substância conhecida como endorfina e é liberada pelo cérebro nas situações prazerosas. Em certas situações, libera também a chamada adrenalina. Esta, no entanto, em excesso trás prejuízos a saúde. Explicado? Pois sim.

Não pense, entretanto, que tenho a pretensão de demonstrar inteligência ou que sou uma expert no assunto. Apenas li algum artigo sobre isso, em algum lugar. Achei interessante. Quem sabe até proveitoso para entender melhor esse universo tão complicado que é o nosso. Também não quero ficar falando de termos científicos. Coisa que eu acho mais complicado ainda. Na verdade, quero levantar a questão da simplicidade do prazer. O sentimento de apenas sentir e pronto. Ou quem sabe, aprender a sentir, usufruir. Entende?

Muitas vezes, me é incompreensível, como certos atos nos dão mais prazer que outros. Não quero dizer esses prazeres vitais como por exemplo, o prazer da sobrevivência. Nem os prazeres paralelos como por exemplo, a ascensão profissional. Quero dizer daqueles bem banais, quase involuntários, e que os fazemos quase automaticamente e nem percebemos. É certo que eles nos dão muito prazer pela maneira como o conduzimos, sentindo-os pausadamente. Usufruindo cada gesto, como se não quisesse perder cada detalhe ou gosto.

Pense em um ato bem simples. Por exemplo: o prazer de tomar um sorvete de morango num domingo de sol e ficar lambendo a calda que escorre pelos lábios. Simples e sensual, eu diria. Ou quem sabe, tomar um copo de chocolate quente, em um dia bem frio. Sentir o líquido viscoso descer pela garganta num estalar de língua, e em instantes, um calor gostoso aquecer o corpo. E ainda, tomar uma taça de vinho, correr a língua pela borda, absorvendo cada gota, apreciando o aroma nobre e sensual. Engraçado. Sempre pensei na reação do vinho como a sensação do desejo quando vai tomando conta do corpo, esquentando as entranhas. Sentimos o calor viajar pelo corpo, transformando, em seguida, numa letargia gostosa e sonolenta. A letargia gostosa de depois do orgasmo. Já parou para apreciar seu próprio Banho? A água morninha escorrendo pelo corpo dando-lhe o vigor e a higiene, enquanto alcança cada centímetro de pele, numa gostosa carícia. É bom sentir o próprio toque, descobrindo desejos e necessidades ocultas e reprimidas. Duvido que no ato do amor alguém já foi tocado tão completamente como a água que escorre pelo corpo.

O prazer é assim. Nos deixa suaves, saciados e felizes. O prazer rejuvenesce a alma e quem sabe, até nosso corpo. O prazer não é compulsivo. Portanto, não pode ser prejudicial. Pois tudo que é compulsivo não dá prazer, apenas ilusão e de uma forma ou de outra nos trás algum dano. Veja: a compulsão da droga, da bebida. Talvez até a compulsão de comer...

Assim, aproveitemos para usufruir tudo o que pode nos dar prazer. Procuremos todas as situações que nos são prazerosas. De certa forma, o prazer é a razão da nossa existência. Seja ele vital, paralelo ou simplesmente banal como os que descrevi. “Privar-se do prazer é roubar nossa própria energia positiva. Se não sentimos prazer no que fazemos todos os dias, dificilmente seremos felizes. O nosso próprio corpo nos cobrará isso um dia”.



Sonia de Fátima Machado Silva
Enviado por Sonia de Fátima Machado Silva em 09/05/2006
Reeditado em 13/12/2008
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