O LIVRO
O Livro
Sempre que penso na historia da humanidade e no fascínio que ela exerce sobre mim gosto de imaginar que as pessoas que nos precederam e as que nos sucederão; viveram e viverão uma vida como a nossa! E que essa vida é como um livro que nos foi emprestado o qual devemos lê-lo com avidez, procurar tirar dele o legado que deixaremos como nossa marca no mundo. É a leitura que faremos desse livro que vai construir nossa perpetuação como um ser que passou por aqui e foi capaz de realizar seus feitos e não apenas fazer peso sobre a Terra.
Um livro que devemos cuidar com muito carinho para não sujar, não rasgar, não amassar...Porque no dia que terminarmos essa leitura chegaremos para o verdadeiro dono do livro, estenderemos as duas mãos e com ele sem máculas sobre elas diremos: Deus, aqui estou para devolver o livro que me emprestaste. Muito obrigada, porque ele me foi de grande valia, me serviu muito pois tirei dele grandes lições, tais como, o respeito pelo ser humano, o amor por Ti, o gosto pela paz, a sabedoria, a alegria da partilha e muitas outras maravilhas que poderiam constituir um rol interminável. Estou Te devolvendo na certeza de tê-lo utilizado da melhor maneira possível...Tanto, que o entrego sem nenhum pesar, nenhuma angústia e nenhum medo de advertência ou censura de Tua parte.
Porém, caros professores se não fizermos o devido uso do livro... já imaginaram chegar para o Pai celestial e admitir: Aqui está o livro que me emprestaste. Não achei nada interessante nele. Tanto que o folheei do começo ao fim e não consegui deixar nada na terra como marca de minha passagem por lá.
Ele está sujo porque eu o derrubei na lama e permiti que se sujasse tanto. Está rasgado porque fui incapaz de conservá-lo intacto... Deixei a rivalidade, a mesquinharia, a mentira e a discórdia enxovalhar sua aparência e destroçar suas páginas que eram dias maravilhosos que Tu me oferecias e que eu envenenada pela inveja e o rancor não me permitia usufruir deles como querias que eu fizesse.
O livro que me emprestaste também está muito manchado... Está assim porque como profissional fui às vezes negligente. Lembro-me até de faltar ao trabalho e suprir as faltas com atestado falso, que vergonha!!! Outras vezes nem dava satisfação aos meus superiores... Era arrogante e me sentia intocável. Por ser muito conhecida e ter boa formação, me achava insubstituível. Pensava que o número de faculdades que eu tinha cursado me fazia superior aos meus colegas. E por não raras vezes preferi imitar os outros ao invés de ser autêntica de mostrar o que eu era e não o que as pessoas pensavam que eu fosse.
No capìtulo da idoneidade só fiz leitura panorâmica, praticamente nem foi lido...Achei que essa parte do livro iria exigir que me preocupasse muito com os resultados do meu trabalho, iria me manter mais interessado em fazer o bem do que em acumular bens. No que se tratava de caridade, perdão e compreensão também fiz apenas leituras rápidas, não me aprofundei. Não que eu tivesse má vontade; esses itens estavam escritos numa linguagem muito complexa que ao invés de tentar compreender me ative simplesmente ao básico, ao genérico...
No entanto, estou me sentindo um tanto quanto estranha... Como sabes Pai me tornei professora. E essa profissão deixa um incômodo na consciência quando temos a certeza de que não fizemos tudo do jeito que deveria e podíamos ter feito.Tem alguma coisa corroendo meu coração e me incitando a tentar deixar minha marca. E ainda dá tempo...
Se não fosse Te pedir muito eu queria uma nova chance... Não a chance de tomar de novo emprestado o Teu livro, mas, a chance de alertar a todas as pessoas, principalmente aos profissionais da educação que estão com Teu livro emprestado que... Façam tudo para usar corretamente esse livro.
Por Wanderlice de Souza Carvalho em 27 de janeiro de 2007.