O VENDEDOR DE QUEBRA-QUEIXO
Quem foi que disse que as maiores vítimas dos cachorros são os carteiros ou entregadores de gás de cozinha? Sim, eles têm vários e tristes casos para contar dos inúmeros ataques desses animais, infelizmente. Só que, quando isso acontece, esses profissionais, devido a sua rotina, aos poucos vão conhecendo os pontos críticos, ou seja, os locais onde as ameaças caninas são mais corriqueiras. Por isso, tomam algumas precauções e então saem ilesos no final do expediente e por outro lado, não tomam susto à toa. Ainda bem.
Já com aquele humilde senhor vendedor da deliciosa guloseima conhecida como quebra-queixo, quando passa pelas ruas tranquilas do bairro onde moro, apesar de já ter sido atacado e mordido por cachorro sempre leva alguns sustos. Senão vejamos este que ocorreu numa tarde bonita e ensolarada, após vender o seu produto aqui no nosso ponto comercial. Como sempre, partiu gritando o seu bordão peculiar: "Olha o quebra-queixo!". E assim sucessivamente até encontrar alguém disposto para comprar o seu doce que arranca uma dentadura não-fixada como deveria. Então, nessa ocasião, ele estava atravessando a rua logo que ouviu alguém chamá-lo, quando dois cachorros, aparentemente inofensivos que estavam aleatoriamente por ali, vieram em sua direção com vontade de atacá-lo. A princípio, ele até se assustou, afinal quem já foi mordido por cobra tem medo de minhoca, como reza o adágio popular. E simplesmente tentou afugentá-los com gestos bruscos. Mas, percebendo que não estava adiantando nada, ao mesmo tempo que se sentia ameaçado, não teve outra alternativa. De repente, tirou uma faca que portava escondida na sua cintura e partiu com vontade para cima daqueles impertinentes cães que logo recuaram, embora latindo, mas receosos.
Foi, sem dúvida, uma cena inusitada que chamou a atenção das pessoas que estavam na adjacência, mas que, apesar da dramaticidade, chegou até ser engraçada, principalmente para quem só assistindo de camarote. Eu disse engraçada? Sim, só se for para ratificar o adágio popular que diz:
"Pimenta ns olhos dos outros é refresco!".
XÔ CACHORRADA!
Finalizando, aquele vendedor ambulante, horas depois voltou à banca próxima daquele incidente e cravou uma aposta razoável. Adivinha em que bicho? Acertou. Apostou no cachorro. Só que, segundo ficamos sabendo depois, ele não ganhou nada, além daquele tremendo susto, coitado! Fazer o quê, é a vida!
João Bosco de Andrade Araújo
www.joboscan.net