OLHAR;;; APENAS OLHAR

Sob o olhar de um criança assustada dois adultos se engalfinhavam como a querer devora um ao outro. O sangue já escorria de ambas as partes, e os palavrões fazia o fundo musical daquela horrenda cena.

A menina continuava alí, parada num canto de um quarto fétido, com alguns colchonentes espalhados pelo chão. Ora por outras se separavam para depois com mais violência se atracarem de novo. Vez por outra a menina ouvia seu nome aos gritos como se ela fosse o pivô de toda aquela desavença. Não compreendia ainda o que acontecia, sabia apenas que estavam brigando, e feio, mas os motivos e o porque de tanta demora naquela disputa ainda não havia lhe caído as fichas.

Mulher e marido não se entendiam mesmo, de vez enquando davam um tempo para refazerem-se das forças gastas e retornavam com mais violência ainda. "Eu te mato sua desgraçada, nunca mais você vai fazer isso comigo"... ao que ela respondia quase sem força: "tu tá acreditando em mentiras feitas por amigos de bar, mané, é isso que eles querem mesmo, pra depois dá em cima de mim". Aí a fúria aumentava ainda mais no homem: "tu quer dizer então que eles já vem mexendo contigo há muito tempo, né? Sua semvergonha, mulher oferecida".

Argumento alí não valia pra nada. Ou fugia, ou morria de pancada. Nádia resolveu pegar a filha e fugir ladeira abaixo ouvindo atrás os desaforos e as humilhações do marido. Diante dessa barbúrdia toda ainda houve gente que dizia, entra aqui que te protejo e te dou casa, cama e comida.

Nádia e a filha conseguiu chegar até ao asfalto. E agora, o que fazer com uma crianaça de dois anos de idade nos braços, sem dinheiro, sem parentes... sem ninguém para socorrê-la?

Embora maltratada, não escondia sua beleza de corpo, rosto e pernas deleneiada: "Um trato e seria um prato bem visto e apetitoso" pensou um indivíduo que circulava tranquilamente com seu carro importado pela avenida Barata Ribeiro, centro do Rio de Janeiro. Parou o carro com delicadeza, cumprimentou a mãe e a filha e, após algumas perguntas lhes ofereceu carona, alimentação e vestimentas, além de que se aceitassem, uma vida em que nunca mais seria agredida e nem passariam mais fome, alé de terem uma moradia bem aconchegante...

Histórias assim acontecem... ou não?

niceooliver
Enviado por niceooliver em 09/04/2009
Reeditado em 09/04/2009
Código do texto: T1530198
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