PRÁ FRENTE É QUE SE ANDA
Atenção escritores diletantes. Se vocês ainda não se tornaram consagrados pela crítica ou não foram fisgados por alguma oportunidade mercadológica, cuidado com sua missão! Arranje um trabalho “produtivo” paralelo, porque a discriminação atinge também a nós, desconhecidos e, portanto, desocupados. A nossa atividade não costuma ser considerada trabalho para a maioria das pessoas. Se você tenta sobreviver só das suas produções literárias, cuidado: de onde menos esperar é que não vai haver condescendência em nenhuma hipótese. Já ouviu aquela:
– Você não tem algo mais útil a fazer do que só ficar ai escrevendo, não?
Ou, já encontrou com alguém que não via há muito tempo e a pessoa:
- E então, como tem levado a vida?
- Escrevendo.
- Ah, é mesmo? E trabalha em que?
Agora, caso dê uma reviravolta e sua obra caia nas graças de algum caçador de talentos para se empanturrar de dinheiro, os tapetes lhe serão estendidos e os mesmos que lhe desabonam, vão lhe fazer abanos para você descansar entre uma escrita e outra. Com penas de pavão. Pode apostar.