Silêncio das Palavras.

Ele buscava entender esse silêncio que o machucava. Por que logo agora ela decidiu silenciar-se? Indagou a si mesmo o inocente menino, mal sabia ele que as palavras fazia isso para o seu próprio amadurecimento. Ela já havia lhe dito tanto, mas a infantilidade do menino simplesmente a ignorava.

Quantas vezes ela não o disse que o choro também faz parte da vida? E outras tantas vezes disse que o coração chora, dói, se rasga e etc, mas que é justamente nesse período que entra a sábia agulha e linha do tempo e vai costurando num processo lento e doloroso aquilo que virou uma ferida que insiste em sangrar? Mas o menino nunca a ouvia, era preferível e cômodo chorar por aquilo que não houve do que levantar a cabeça e voltar a viver.

Pois bem, ela decidiu silenciar-se. Ela sabia que ia ser um processo triste e sofrido, mas “ele tinha que crescer” - pensou. Então quando ele a procurava, ela se afastava, e assim, o processo de transição menino-homem foi acontecendo, e o menino deixou de chorar, de criar e tentar entender alguns porquês e passou simplesmente a viver. Aquele processo lento e doloroso que era utilizado linha e agulha acabara, e no lugar do coração ferido ficou uma cicatriz grande e visível, fruto de experiências que jamais se apagarão, mas que foram necessárias para o crescimento do outrora menino e agora homem.

Esse mesmo homem nem imaginava que as palavras que permaneceram em silêncio todo esse tempo, estavam preparando uma volta harmoniosa e organizada, tecendo trilhos e caminhos de um novo ciclo que esse homem mal sabia que estava por vir.

Eduardo Almeida
Enviado por Eduardo Almeida em 08/04/2009
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