o tempo, o tempo, o tempo, voa para aqueles que podem!

Acidente em Congonhas foi o pior da história da aviação no Brasil. O acidente com o Airbus da TAM em São Paulo tem potencial de provocar estragos políticos e de imagem inéditos no governo Lula. Desde o choque do Boeing da Gol com o Legacy que deixou 154 mortos na Amazônia em setembro do ano passado, a crise aérea não saiu das manchetes. Nesses nove meses, houve um quase-acidente aqui, uma greve ali, declarações desastradas de autoridades acolá e muitas filas e atrasos. Até agora, porém, apesar de ter emplacado uma CPI, a oposição parecia não ter conseguido capitalizar e potencializar o desgaste do governo.

Uma das acusações mais fortes que a oposição conseguiu produzir foi que Lula empurrava um problema sério com a barriga. Não é um argumento de tanto peso quando o resultado mais visível da suposta inoperância é fila em aeroporto. Quando o resultado são cerca de 200 mortos e o maior acidente da história da aviação no Brasil, a coisa pode mudar. É claro que a investigação sobre as causas do acidente ainda está nos estágios iniciais. Mas, mesmo que se prove que as condições da pista de Congonhas tenham pouco a ver com o desastre, o governo vai, no mínimo, ter de ir para a defensiva. Vai ter de se explicar e torcer para que sua versão cole. Se, ao contrário, ficar provado que a pista recém entregue pela estatal federal Infraero não tinha condições ideais e que isso foi crucial, o desgaste pode ser muito mais grave.

Vai ser mais fácil para a oposição usar o argumento da crise anunciada e tentar jogar o custo do desastre no colo do governo, e mais difícil para Lula alegar ignorância, como no início da própria crise aérea ou do escândalo do mensalão. Porem a dados importantes a serem revisados, a TAM diz ser a “melhor manutenção do mundo” em Airbus, no entanto ainda está sem explicação o processo sobre o acidente em 1996. Estranhamente o acidente com explosão em 97 foi atribuído a um professor, sem nenhum antecedente, que foi atropelado e quase morto poucos dias depois do acidente

e poucos dias antes de seu primeiro depoimento; a vitima da suposta bomba, atirada para fora do avião, não possuía resíduos químicos nas mãos, nem no rosto.

A TAM também já pousou em Guarapari – ES pensando que fosse Vitória em julho de 1998 e em setembro de 2001 uma peça se soltou da turbina durante o vôo e atravessou a fuselagem, causando despressurização e a morte de uma passageira, cujo o corpo quase foi expelido do avião, através da janela. Em abril de 2002 uma porta se abriu em pleno vôo e um tripulante da TAM só não foi atirado para fora do avião por ter sido seguro por um passageiro, no mesmo ano um recorde mundial dois aviões da mesma companhia caíram no mesmo dia, um em Birigui e outro em Campinas.

O Lula não pode negar as argumentações, nem os outros que vieram antes dele, muito menos a companhia TAM, no entanto o presidente deu carta branca ao ministro Jobim. A crise aérea não é uma questão de governo, de partido ou de oposição. É um constrangimento nacional. Não podemos discutir o assunto de forma emocional. Não podemos mais discuti-lo, ele acabou!